Café com bolo: coloque na sua rotina
Minha avó Lourdes era uma mulher sábia e corajosa.
Em sua timidez, muitas vezes a gente não se deu conta do quão grandiosa ela era.
De Lisboa, atravessou um oceano aos 28 anos, trazendo pela mão sua menina de oito. Minha mãe. Reencontrou o marido ao desembarcar em Santos, recomeçou do zero. E isso em uma época em que as despedidas das famílias diante de navios pareciam ser para sempre, sem volta.
A vó falava pouco, mas a coisa certa na hora certa.
Tinha uns ditados e ideias que eu levo pra vida toda. Pois eles fazem sentido ainda hoje.
“Às vezes se dá um passo para trás para dar dois à frente.”
“Depois da tempestade sempre vem a bonança.”
“Independência é cuidar de casa sem exagero e ganhar seu próprio dinheiro.”
Sabedoria de vó
Três verdades aí acima, não? Quantas vezes a gente recuou para entender a situação e aí, sim, avançar? Quantas tristezas foram curadas com o tempo e voltamos a sorrir? Quanto é muito mais dona de si a mulher financeiramente empoderada e que curte a própria casa, sabendo que tem dia que o cesto de roupa suja não será zerado e tudo bem?
Mas de todos os ensinamentos tem um que é o mais especial. “Um café com bolo a gente sempre pode oferecer a alguém”.
Na ocasião, eu já era adolescente, com uns 15 anos. A vó contava de algumas situações difíceis que viveu, momentos em que a grana apertou.
Que, mesmo nesses momentos, a gente não pode esquecer quem um dia nos ajudou. Não deixar de ser grato, de fazer um agrado. “Um café com bolo a gente sempre pode oferecer”, ela disse.
E de fato. Um bolinho simples e um cafezinho a gente consegue fazer ou comprar para ir ao encontro ou trazer para perto pessoas que amamos. Aquele café coado e um pão de ló na tarde de sábado, na companhia de uma amiga, resolve tanta coisa… Vem risada, carinho, lembranças, planos, apoio, novidades…
Eu adoro receber as pessoas em casa! Com essa nossa economia instável e construindo bravamente e de passinho em passinho meu destino de empreendedora e escritora, gastos foram cortados. Afetos, jamais!
E a ciência comprova que quem toma café com amigos vive mais.
Então, uso muito a teoria do café com bolo.
No último encontro do Empreendedoras de Sofia, em Praia Grande, uma das participantes disse que acaba se sentindo sozinha no dia a dia, fica sem ver as amigas longos períodos. Outra disse que sempre vem a preocupação em combinar algo com as pessoas e gastar mais do que o previsto.
Lembrei do café com bolo da vó.
Não só as meninas adoraram a ideia, como enxergaram no simples uma saída para retomarem relações, se reaproximarem de pessoas queridas. Além de ser um incentivo para troca de histórias, experiências, possibilidades, oportunidades.
Virou até hashtag! #CaféComBolo, começamos a brincar nos posts umas das outras quando tem foto de alguém tomando café com amiga.
Tente. Você vai gostar. Coloque o hábito na agenda. Eu coloco. E, entre todas as minhas atividades profissionais e pessoais, marco de verdade na agenda, no mínimo, dois #CaféComBolo por mês. É inspirador. É acolhedor. Deixa feliz. Faz a roda da vida girar positivamente, muito além dos problemas inevitáveis.
Transforme o #CaféComBolo em um compromisso especial com você mesmo.
Suzane G. Frutuoso é santista e cofundadora da plataforma Mulheres Ágeis e da consultoria ComunicaMAG. É jornalista, mestre em sociologia e escritora. É autora no blog Fale Ao Mundo e lançou o livro “Tem Dia Que Dói – mas não precisa doer todo dia e nem o dia todo”. Mãe orgulhosa da viralatinha Charlotte.