O lado B das torcidas organizadas que ninguém vê
Alô, Nação Santista!
Nossas Sereias estão de folga e o masculino passa por uma fase de turbulência. No entanto, com os reforços chegando e se tudo der certo, superaremos esta má fase.
Quando você pensa em torcida organizada, logo surgem no pensamento imagens violentas, sangue e mortes. Isso porque os grandes veículos de comunicação fazem questão de estampar as cenas que mancham o futebol e esquecem de mostrar o lado positivo das organizadas.
Quer você goste ou não, as torcidas organizadas estão presentes em todo o Brasil. Um fato curioso é que, na década de 1950, alguns croatas estiveram no Rio de Janeiro e conheceram as organizadas cariocas. A paixão foi tão grande que eles voltaram para Split e batizaram a sede dos torcedores do time da cidade com o nome de “Torcida”.
Hoje, as bandeiras e brasões das organizadas desfilam no carnaval de São Paulo, como a Mancha Verde (Palmeiras), Gaviões da Fiel e Camisa 12 (Corinthians), Dragões da Real e Independente (São Paulo) e a Sangue Jovem, torcida do Santos FC, que também desfila nos carnavais santistas. Sem contar que muitas das organizadas desenvolvem ações positivas em prol da comunidade.
Um grupo de torcedores da Gaviões da Fiel levaram ajuda aos desabrigados do edifício Wilton Paes de Almeida, no centro de São Paulo, que desabou no dia 1º de maio/reprodução: Gaviões da Fiel
Hoje, nós do Juicy Santos, temos o prazer de apresentar para vocês uma torcedora santista, Ingrid Pamela Rodrigues Ramos, de 29 anos.
O sorriso de Ingrid e de sua família contagia santistas e outros torcedores/reprodução: Facebook
Uma história anônima, mas que é importante para todos nós. São poucos os documentários e reportagens que apresentam o lado bom que ninguém vê das torcidas organizadas.
Não vê pela falta de espaço nas grandes mídias e também pelo preconceito velado. Preconceito que nasce pela exclusividade de só se mostrar o lado triste e generalizar o torcedor de organizada como marginal.
Mulheres nas torcidas organizadas
A história da Ingrid se torna ainda mais legal, porque ela é mulher. Nós, mulheres, somos minorias nos estádios, lutamos por décadas para a profissionalização da modalidade feminina e, mesmo com todos os problemas, nossa paixão pelo futebol só aumenta.
Ingrid relata que, desde os 9 meses de vida, ficava com o pai, Zinésio Bispo do Ramo, assistindo aos jogos do Santos. Ela comemorava os gols como se entendesse alguma coisa. Confessa também que não foi mamãe a primeira palavra que ela falou na vida.
“Segundo minha mãe, a primeira palavra que falei foi Santos”
A mãe, Janice Bispo Rodrigues, não ficou triste. O pai não teve muita culpa nesse episódio. Mas, no capítulo seguinte na vida de Ingrid, o Santos FC foi o responsável pela situação.
“Construí minha família, graças ao amor pelo Santos FC e a Torcida Jovem. Foi em 2009, no desfile da TJ no Anhembi, que conheci meu esposo”.
Com tanta torcida organizada neste Brazilzão, a história da Ingrid não deve ser a única. Ela conheceu Wagner Gelas Gonçalves no momento em que se divertia e reverenciava seu amor pelo Santos FC.
Graças aos Santos essa história teve um final inspirador. Eles se casaram e tiveram duas meninas, Sara (7 anos) e Samara (4 anos).
Se filho de peixe, peixinho é, sereia também vale!
E o amor pelo Peixe continua. Quando podem, todos eles vão para o estádio assistir o time que sela a união da família.
Nascer, crescer e no Santos morrer
Ingrid também relata que o momento mais marcante do time santista pra ela foi em 2002.
“Foram 11 anos na fila. Robinho, Diego, Léo, Renato, Elano, Alex, Giovani e companhia. E 8 pedaladas de muitas emoções.”
Se você não se recorda, dá play no vídeo e conte as pedaladas uma por uma com a narração de José Silvério.
Sobre a fase atual do clube, Ingrid espera:
“Vitórias e títulos. Que os jogadores honrem o manto sagrado e seriedade da diretoria.”
Ingrid ressalta que acompanha todas as categorias do clube e que suas filhas já nasceram Sereias da Vila.
Essa é só uma história bonita de uma mulher da Torcida Jovem. Não tente imaginar quantas outras Ingrids, Marias e Fernandas e quantos outros Wagners, Antônios e Josés fazem parte de outras torcidas organizadas.
Se você souber de outra história assim, conte pra gente!
Vamos dar atenção às torcidas organizadas. Assim, quem sabe, narrativas lindas como essa se tornem mais vivas em nossos cotidianos do que as tristes cenas de violência que parecem registradas em nosso DNA.
Jogue o Santos onde jogar, essa família sempre carregará no coração o amor e a gratidão pelo Leão do mar