Trólebus retorna após 30 anos para fazer parte do Museu Ferroviário de Santos
Um ícone da cidade está de volta. O trólebus 625 vai integrar a exposição permanente do Museu Ferroviário de Santos. Pois é, depois de uma ausência que durou cerca de 30 anos, um dos símbolos do transporte público de Santos retorna e vira peça histórica.
Por que o trólebus 625 é tão importante?
O trólebus 625, peça central da frota original elétrica da cidade, agora passa a fazer parte do acervo do futuro Museu Ferroviário de Santos.
Este retorno não é apenas uma recuperação de um veículo, mas também um resgate da memória coletiva e histórica da região e de todo o do estado de São Paulo.
Fabricado em 1963, o Trólebus 625 simboliza uma época de inovações na mobilidade urbana de Santos, marcada pela eletrificação dos meios de transporte. O modelo é da Alfa Romeo em parceria com a Fiat e a Marelli. Este veículo foi um dos 50 trólebus adquiridos pelo antigo Serviço Municipal de Transportes Coletivos (SMTC) para inaugurar o sistema de transporte elétrico em Santos.
Segundo pesquisa realizada pela equipe de Patrimônio Histórico de Santos, e como complemento ao sistema de bondes, os trólebus eram vistos como a evolução natural dos transportes elétricos.
A rede de trólebus em Santos oferecia uma alternativa ágil e sustentável, crucial para o desenvolvimento urbano daquele momento. Durante as décadas em que circularam nas ruas, estes veículos foram fundamentais na modelação do tráfego e na dinamização das rotas intermunicipais.
A jornada do 625 até aqui
Embora a aposentadoria do Trólebus 625 em 1994 pudesse ter sido o fim de sua história, a visão preservacionista de Mauro Diegues garantiu a sobrevivência deste patrimônio. Guardado como peça de museu particular, o veículo resistiu ao tempo graças a cuidados meticulosos, evitando o destino de muitos outros que acabaram sucateados.
Diegues pertence à família fundadora da Expresso Brasileiro, tradicional empresa de ônibus que operou linhas municipais em Santos na década de 1960. O 625 estava em uma chácara no município de Conchal.
O curioso é que o 625 motivou, inclusive, a abertura de processos de tombamento para reconhecimento de seu valor histórico-cultural, com o objetivo de garantir sua integridade e avaliar o retorno a Santos. Isso não deu certo, mas foi o início do caminho para que ele chegasse ao futuro museu.
Para chegar até aqui, houve muitos desafios logísticos e institucionais. Em 2024, o veículo estava à venda em plataformas online. Porém, mesmo com ofertas mais atraentes de colecionadores, o proprietário aceitou vendê-lo por um preço menor para que pudesse ser preservado em Santos.
A compra e o transporte ficaram por conta da empresa de logística portuária AGEO Norte por meio de um TRIMMC – instrumento de implantação de medidas mitigadoras e/ou compensatórias.
E o resgate não foi nada simples! Envolveu uma operação de mais de quatro horas para tirá-lo do local onde se encontrava, já que o veículo não tem condições de se movimentar por conta própria.
Em seguida, foram 5 horas de viagem até o litoral. Já no destino, passou por uma minuciosa operação de descarga de quase duas horas.
Um trem para o futuro
Com a efetivação da sua chegada e a expectativa de restauro, o trólebus não só revive sua história como também se estabelece como um recurso educativo dentro do Museu Ferroviário de Santos. A restauração vai seguir protocolos rigorosos para manter as características originais do veículo, para que os visitantes tenham uma experiência autêntica e educativa.
Depois de pronto, o 625 ficará em exibição pra lembrar quem passar pelo museu o quanto o transporte limpo pode ser eficiente e benéfico para as cidades.
Quer saber das novidades antes de todo mundo? Entre no grupo VIP do Juicy Santos no WhatsApp.