Santos se mobiliza contra fechamento de serviços materno-infantis do Guilherme Álvaro
A possível desativação dos serviços materno-infantis do Hospital Guilherme Álvaro (HGA) em Santos gerou uma enorme mobilização de prefeitos, secretários de saúde, profissionais da área médica e sociedade civil da Baixada Santista. Todos esses agentes da vida social e pública da cidade se uniram em um mistuo de preocupação e indignação com a notícia, dada em primeira mão no dia 4 de dezembro de 2024 pelo jornalista Sandro Thadeu em sua coluna Por Dentro da Política, no BS News.
Como resultado, em poucos dias, representantes municipais elaboraram um documento conjunto endereçado ao secretário estadual de Saúde, Eleuses Paiva, e ao governador Tarcísio Gomes de Freitas, solicitando a revogação imediata da proposta.
Por que seria terrível Santos perder esses serviços?
O centenário Hospital Guilherme Álvaro (HGA) é o maior da Baixada Santista e também um hospital-referência. Isso quer dizer que atende pacientes e gestantes de alto risco de toda a região.
A direção do hospital, encabeçada pela médica Mônica Mazzurana (que não participou do evento), cogitava realocar serviços materno-infantis para uma nova unidade em São Vicente a partir de 2025, mantendo apenas a pediatria no HGA. Em contrapartida, o hospital passaria a oferecer serviços de neurocirurgia para casos de AVC e cirurgia cardíaca.
Estes programas gratuitos para mães e bebês do Ministério da Saúde seriam extintos:
- Hospital Amigo da Criança
- Banco de Leite Humano
- Método Mãe Canguru
- Centro de Parto Normal
- Aborto Legal
- Rede Alyne (atenção à mortalidade materna)
O prejuízo para a população seria imenso. Além de parar com os atendimentos especializados e humanizados, isso impactaria diretamente nas famílias que precisam mais desses cuidados de qualidade.
E não é só a saúde que sai perdendo. A educação dos futuros profissionais de saúde também se prejudica. Vários programas de residência médica em Santos funcionam no HGA, como ginecologia, obstetrícia e neonatologia.
Não ao fechamento da maternidade do Guilherme Álvaro
Na última segunda-feira (9 de dezembro), durante reunião realizada na Associação Paulista de Medicina (APM) de Santos, líderes regionais apresentaram um posicionamento unânime contra a potencial extinção de serviços essenciais como a maternidade, o Banco de Leite e a Unidade de Terapia Intensiva (UTI) neonatal do HGA.
O evento, articulado pelo médico e vereador eleito Marcos Caseiro (PT), contou com a participação de sindicatos, servidores do complexo de saúde e membros da sociedade civil.
O atual secretário de Saúde de Santos, Denis Valejo, foi enfático em sua declaração:
“A discussão deve ser sobre ampliar a demanda, a complexidade e os serviços do HGA, e não sobre o fechamento de serviços fundamentais”.
Na mesma linha, a vice-prefeita eleita Audrey Kleys (Novo) ressaltou a necessidade de respeitar a população local.
Durante o encontro, foi defendida a convocação de uma reunião extraordinária com os próximos gestores municipais de saúde para discutir ações que preservem e melhorem a assistência a mães e crianças na região. O assunto continua quente e em pauta na comunidade médica, política e entre os cidadãos preocupados com a perda de direitos básicos à saúde pública.
Estratégia
A sugestão do grupo é planejar e executar estratégias integradas entre municípios e estado para reduzir os índices de mortalidade materna e infantil, com suporte técnico e financeiro do Governo do Estado.
A deputada estadual Poliana Nascimento (PSOL) destacou o acompanhamento próximo da luta dos servidores do HGA, revelando que há 12 requerimentos sem resposta, enviados ao governo paulista questionando os problemas do complexo de saúde.
Ao jornalista Sandro Thadeu, Caseiro enfatizou a importância de preservar o legado construído pelos profissionais do hospital ao longo de décadas.
“Não é necessário fechar um serviço histórico, de referência em treinamento e excelência, para implementar cirurgias cardíacas”, afirmou o médico.
Depois da mobilização virtual e presencial, Paiva garantiu na imprensa que a maternidade não fecha. A Secretaria de Saúde do Estado de São Paulo informou que não há planos de encerrar os serviços. Adicionou, ainda, que estuda ampliar atendimentos nas áreas de maior demanda regional.
A luta pela preservação dos serviços materno-infantis no Hospital Guilherme Álvaro continua.