O que acontece com o Porto de Santos com o endurecimento do tarifaço de Trump?
Lá no mês de abril, a gente cantou essa bola. Quando começou o tarifaço de Trump contra várias nações do planeta, já era possível imaginar que o maior porto da América Latina sofreria algum tipo de consequência.
Porto de Santos e o tarifaço de Trump de 50%
A bomba estourou em 9 de julho de 2025. o atual presidente dos EUA anunciou oficialmente um acréscimo de 50% em cima de produtos brasileiros, colocando nosso país na desconfortável posição de ter a maior alíquota tarifária já imposta de forma unilateral pelos Estados Unidos. E, aqui em Santos, essa decisão vai bater direto no coração da nossa economia.
A medida, que mistura política, ideologia e economia, como bem definiu o BrazilEconomy, vai entrar em vigor em 1º de agosto. Para quem vive, trabalha ou simplesmente ama nossa cidade, é impossível não se perguntar: como isso vai afetar o maior porto da América Latina?
O Porto de Santos não é brincadeira. Movimentou 179,8 milhões de toneladas em 2024, batendo um recorde histórico. Foram 131,3 milhões de exportações. O problema? Os Estados Unidos são nosso segundo maior parceiro comercial, atrás apenas da China.
Desde 2009, o Brasil acumula déficits comerciais com os EUA. Até junho de 2025, o superávit americano já superava US$ 90 bilhões. Mesmo assim, as exportações para esse país cresceram 9,2% em 2024, somando mais de US$ 40 bilhões. Portanto, segundo especialistas, todo esse crescimento pode ir por água abaixo.
Um mar de incertezas
Quem vai sentir “na pele” serão setores e insumos importantes no país, como café, suco de laranja, soja, carnes e açúcar, por exemplo. E várias entidades já manifestaram preocupação com o que acontece daqui pra frente.
Santos é sinônimo de café desde sempre. Somos responsáveis por 71% do valor FOB das exportações brasileiras de café. Só os EUA compraram US$ 2 bilhões em café do Brasil em 2024.

O setor de suco de laranja, que exportou 1,3 milhão de toneladas aos EUA em 2024, gerando US$ 1,2 bilhão, pode ver essa relação histórica com a Flórida se desgastar.
Soja, açúcar e carnes, produtos que saem do nosso porto rumo aos EUA, agora ficam praticamente eliminados do mercado americano pela tarifa.
Um porto que movimenta menos é uma Santos que respira menos. São Paulo concentra 53,7% das atividades internacionais do porto, e nosso estado é responsável por 31,2% das exportações brasileiras aos EUA. No primeiro trimestre de 2025, foram US$ 3 bilhões comercializados. E esse número pode despencar.
Agora é hora de reinvenção
Mas Santos tem experiência em se reinventar. A China já é nossa principal parceira, com 27% das operações. Agora, é fortalecer ainda mais essas relações e buscar novos mercados na União Europeia e América Latina.
O governo brasileiro foi categórico. Ao afirmar que o Brasil “não aceitará ser tutelado por nenhuma nação estrangeira”, disse que responderá com base na Lei da Reciprocidade Econômica.
Essa briga sem precedentes está só começando e a capacidade de adaptação de Santos vai ser crucial para cruzar esses mares turbulentos.
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