Integrando várias deficiências nas entidades locais
Desde que comecei a fazer palestras sobre inclusão, sempre achei que deveria conhecer um pouco do universo de todas as deficiências. A física e visual eu já tinha desde nascença portanto, detinha vivência para falar do assunto. Então, resolvi buscar envolvimento com as demais (auditiva e intelectual).
Nesse sentido, é que venho relatar, aos leitores do Juicy Santos, a minha experiência com duas instituições bem bacanas, da Cidade. A primeira é a Congregação santista de Surdos (localizada à Rua Tocantins, 4). Fiz, com eles, um curso para aprender, pelo menos, o básico a respeito da Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS) – e, principalmente, para poder me comunicar com as pessoas que têm deficiência auditiva.
O curso ocorreu, em parceria, com o Colégio Sedes Sapientiae (onde eu trabalhei, durante oito anos, como assessor de imprensa). Fazia parte de um projeto da Congregação, com a finalidade de levar o ensino de LIBRAS a diferentes pólos pontuais, espalhados pelo Município. E, além de ser mais um dos alunos daquela turma, eu fiquei responsável por intermediar a relação entre a escola e a entidade.
O diferencial é que todos os professores eram jovens surdos, que frequentavam e eram supervisionados pela própria Congregação. Portanto, tratava-se de uma inclusão multiplicada, em dose dupla. Para mim, foi particularmente incrível! Vocês podem imaginar que interessante um aluno como eu (com deficiência física e visão parcial) aprendendo LIBRAS e sendo orientado por uma professora totalmente surda.
Para explicar, a comunicação com a turma acontecia, basicamente, da seguinte forma: ela fazia o sinal e depois escrevia na lousa seu significado. E aí, por eu não enxergar bem, pedia auxílio para os demais colegas de classe, que não tinham deficiência. Ao final do curso, todos fomos conhecer a Congregação, tivemos prova prática, recebemos certificado e tudo!
Minha relação, agora com outra entidade, o CEB 30 de Julho (situada à Av. Senador Feijó, 513), também já gerou várias boas histórias. Eles atendem especificamente crianças e jovens com diversas deficiências intelectuais. Alguns de seus colaboradores acabaram, com o tempo, se tornando meus amigos pessoais. Fui apresentado à entidade através da ACMD (ONG onde também trabalhei, por oito anos, como assessor de comunicação). Ambas fazem iniciativas exemplares – e foram parceiras na viabilização de um projeto chamado Centro de Diagnóstico.
Já como palestrante, eu e o “30 de Julho” fizemos uma série de eventos juntos, dentro e fora da entidade. Um que se destacou bastante foi a 1º Jornada Internacional de Inclusão, ocorrida em 2009, no próprio “30”. Dentre os vários palestrantes, pudemos contar com a rica presença de uma terapeuta da Espanha. Tive o privilégio de fazer o encerramento do evento – e conseguimos, como cobertura, meia página no Jornal A Tribuna.
Tudo isso nos mostra que é possível integrar as deficiências. E, acima de tudo, integrar as pessoas, independente de suas reais ou aparentes limitações. Agindo assim, todos aprendemos, ganhamos todos, sem exceção!
Atenciosamente,
Eduardo Ravasini
Jornalista