Em que pé estão as obras do Parque Palafitas em Santos?
Entenda como está o andamento do projeto inovador de habitação e veja a linha do tempo do Parque Palafitas.
Uma das obras de habitação mais importantes dos últimos anos na região, o Parque Palafitas agora já começa a ficar mais real.
Se você não ouviu falar desse assunto ainda, vamos aos detalhes. O Parque Palafitas é um projeto-piloto visto como uma inovação urbana para a comunidade do Dique da Vila Gilda, na Zona Noroeste de Santos.
Em uma parceria que uniu os poderes públicos municipal, estadual e federal, o Parque Palafitas vai substituir casas precárias erguidas sobre o mangue por moradias sustentáveis, além de contribuir com a recuperação ambiental e oferecer infraestrutura urbana digna aos moradores.
A iniciativa foi desenvolvida a partir de 2018 pelo escritório do arquiteto Jaime Lerner, como parte do plano Santos 500.
Esse é um projeto inédito no país e uma das principais apostas para vencer problemas históricos da precariedade da habitação na Baixada Santista.
E como estão as obras do Parque Palafitas?
A reurbanização da maior favela sobre palafitas do Brasil está na fase de concretagem da primeira das sete lajeas de apoio do novo conjunto habitacional.
Antes do Parque Palafitas: visão atual do Dique da Vila Gilda/PMS
Este complexo ocupa uma área de 4 mil metros quadrados, com 60 novas moradias para as famílias da região.
Nesta etapa, as lajes, suspensas sobre a maré e sustentadas por estacas, formam a base de uma série de conjuntos residenciais que vão abrigar, entre apartamentos e casas térreas, novos modelos de habitação planejados para atender antigos moradores. Por trás disso, está a proposta de transformar o espaço, trazendo infraestrutura, áreas de lazer e condições mais seguras para quem vive ali há décadas em moradias precárias de madeira.
Como vai funcionar a obra das lajes de apoio
A concretagem das lajes marca o início de uma etapa importante para o Parque Palafitas, localizada sobre estacas fincadas a até 35 metros de profundidade. Essas lajes servirão de base para edifícios residenciais e pra estruturas como associação de moradores, áreas comerciais e espaços públicos integrados. Ao todo, sete lajes vão compor o coração do novo núcleo. Algumas estão diretamente sobre a maré e outras apoiadas no solo firme.
Segundo informações oficiais da Prefeitura, a primeira laje terá 674m² e receberá 90m³ de concreto nos trabalhos que devem ser finalizados em 24 horas. Isso é parte do processo para construção de conjuntos habitacionais, que incluem apartamentos e casas térreas de dois quartos, com piso e paredes de painéis em madeira laminada, uma decisão voltada para preservar elementos tradicionais das famílias locais. A iniciativa busca abrigar, inclusive, pessoas com deficiência (PcD) e garantir áreas acessíveis.
A proposta do Parque Palafitas vai além. Estão previstos espaços comerciais, equipamentos públicos, regeneração do mangue e um píer flutuante, inspirado no modelo da Ponte Edgard Perdigão. O projeto deve contar ainda com iluminação pública, fornecimento de água, coleta de esgoto, espaço de lazer, áreas para comércio e estrutura de telecomunicações e combate a incêndio.
No total, o investimento na obra de fundações e lajes gira em torno de R$ 16,5 milhões (de R$ 26 milhões), com recursos divididos entre governo estadual e prefeitura.
A fase atual da construção envolve estruturas de apoio e a preparação para receber as unidades habitacionais, que devem ser montadas em módulos e entregues até fevereiro, segundo cronograma oficial. Além de moradias, estão previstas áreas comerciais e institucionais dentro do complexo, além de espaços para lazer e regeneração do mangue.
Reurbanização sobre palafitas: experiências internacionais e desafios no Brasil
Os desafios de urbanizar áreas de manguezal habitadas por comunidades em palafitas não são exclusivos de Santos. Segundo estudo realizado pelo Instituto Polis, projetos semelhantes implantados em países da Ásia, como Indonésia e Filipinas, apostaram em modelos híbridos de construções elevadas e infraestrutura sustentável para garantir melhorias no saneamento, recuperação ambiental e segurança das áreas.
Por aqui, iniciativas desse tipo ainda são raras. Mas começam a surgir como alternativas à remoção completa das comunidades, frequentemente questionada por não considerar laços sociais e a dinâmica local.
Na Baixada Santista, o Parque Palafitas representa um dos exemplos mais visíveis desse tipo de intervenção. Em abril de 2024, uma reportagem especial da France 24 mostrou o projeto como forma de conciliar as necessidades sociais com a preservação ambiental e soluções construtivas mais rápidas.
Esse tipo de abordagem busca responder não apenas à questão urgente da moradia, mas também à necessidade de respeitar o ecossistema de mangue, historicamente impactado pela ocupação desordenada.
Esta é uma linha do tempo do projeto Parque Palafitas (até agora)
- 2018: Concepção do projeto pelo escritório Jaime Lerner
- 2019–2023: Elaboração do modelo arquitetônico, participação comunitária e captação de recursos
- Janeiro de 2024: Cessão do terreno da União para a Prefeitura e obtenção da licença ambiental para início das obras
- Dezembro de 2024: Início oficial das obras: fundação das estruturas e concretagem das lajes de apoio das futuras moradias
- Janeiro a julho de 2025: Progresso das obras, início do novo sistema viário, melhorias de infraestrutura no entorno e avanços estruturais.
- Julho de 2025: Licitação e início das obras do entorno, com previsão de término da infraestrutura viária no primeiro semestre de 2026
- Previsto para 2025: Conclusão das unidades habitacionais e inauguração do conjunto habitacional piloto
- Previsto para 2026: Finalização do sistema viário, infraestrutura urbana e entrega das moradias e equipamentos públicos