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Curta mostra a primeira cidade do Brasil através do olhar indígena

Conheça as histórias da Aldeia de Paranapuã através do emocionante filme 'Se Ver'.

Tempo de leitura: 3 minutos

Enxergar memória, território e identidade da primeira cidade do Brasil, além dos marcos históricos e das paisagens conhecidas. Essa é a ideia por trás do curta-metragem “Se Ver”, realização de um grupo de artistas e da comunidade indígena Guarani Mbya. O lançamento aconteceu em uma noite emocionante no Cine Roxy Brisamar, com uma sala lotada.

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Para quem vive ou circula pela Baixada Santista, esse filme representa não só um produto cultural. Mas é um convite a repensar as origens da região a partir da vivência de quem esteve ali muito antes da colonização. E, claro, o tema ganha ainda mais significado quando vemos moradores da Aldeia de Paranapuã tomando a tela e o palco para contar suas próprias histórias.

Quando as terras falam: raízes indígenas no território de São Vicente

Talvez você ande por bairros como Japuí, Bitaru ou Itararé todos os dias. E nunca parou para pensar no quanto esses nomes carregam um pedaço da história indígena local. Segundo dados do Instituto Socioambiental, antes da chegada dos portugueses, a Baixada Santista abrigava diferentes povos indígenas. Sobretudo do tronco Tupi-Guarani, que deram origem a muitos dos topônimos ainda presentes na nossa geografia atual.

Mesmo com a urbanização intensa e as mudanças que mexeram com o mapa da região, São Vicente guarda marcas dessa ancestralidade. Marcas estas que, por muito tempo, foram apagadas ou silenciadas pela narrativa oficial. A volta do povo Guarani Mbya à Aldeia de Paranapuã, depois de quase cinco séculos, é parte viva desse movimento de retomada cultural e identitária. Agora, isso é documentado pelo curta-metragem “Se Ver”, que mostra a primeira cidade do Brasil através do olhar indígena.

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Palavras e canções em Se Ver

Dirigido por Maia de Barros e Danila Bustamante, e coproduzido pela própria Aldeia de Paranapuã, o curta é narrado integralmente em Guarani. Mas não se trata “apenas” de um filme documental. O projeto coloca a comunidade como protagonista em todos sentidos: na tela, nas canções, na direção e no próprio lançamento.

Durante a sessão, além do filme, o público ouviu discursos do Cacique Ronildo e apresentações do coral Mensageiros Nhãndêrú Rêmbíguái, formado por crianças, jovens e mulheres da aldeia. O clima ficou carregado de emoção especialmente no encerramento, quando os gritos por “demarcação já” ecoaram pelo cinema, reforçando a luta pelo reconhecimento formal da Terra Indígena Paranapuã,  uma causa que segue sem solução aqui na região.

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O curta-metragem “Se Ver” mostra a primeira cidade do Brasil através do olhar indígena, e propõe uma nova forma da cidade se entender: não só como um marco da colonização, mas como território indígena vivo, plural, multifacetado e resistente.

O projeto foi viabilizado com apoio da Lei de Incentivo Cultural Paulo Gustavo, permitindo a montagem, gravação e estreia do curta em São Vicente. Em breve, fará o circuito de festivais e exibições para o público.