Texto porLuiz Gomes Otero

The Who: para sempre rock´n roll

Confesso que relutei em escrever esse texto tardio. Afinal, o Rock In Rio já acabou, o SP Trip passou.

Ambos os festivais levaram consigo a magia da música em vários níveis do rock e do pop, principalmente.

Mas confesso que ver o The Who ao vivo no Rio de Janeiro, ainda que pela TV, foi uma experiência que beirou a catarse emocional, pelo menos para mim. Preciso relatar o que senti.

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Tenho 51 anos. Passei a ouvir com atenção o The Who quando tinha 16 anos, ou seja, bem depois do início da banda (que começou nos anos 60 na Inglaterra, junto com os Beatles e os Rolling Stones).

A sonoridade foi moldada em força bruta por conta das palhetadas de Pete Towhshend e das baquetas poderosas de Keith Moon na bateria. Roger Daltrey sempre foi o cara que canta como nunca no palco. E tinha ainda o John Entwistle no baixo, o Thunderfingers, apelido dado por causa de sua apurada técnica e rapidez ao tocar o instrumento.

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Claro que dois deles já não estão mais com a gente (Keith Moon faleceu em 1978 e John Entwistle, em 2002).

Mas tem ainda Townshend e Daltrey.

E tem a magia da música que eles produziram ao longo dos anos.

E tem um time de músicos de apoio competente, que se não chega ao nível dos antigos membros, pelo menos não comprometem o resultado final.

É preciso ressaltar, também, que a força criativa musical esteve sempre concentrada em Townshend, que é o autor de 90% das canções da banda.

Aos primeiros acordes da guitarra de I Can´t Explain, deu para perceber que a banda faria um show mais enxuto do que o de São Paulo. Mas com mesmas garra e força habituais no palco.

Escutar Behind Blue Eyes cantada em uníssono pelo público foi algo indescritível. Dava para perceber a expressão de espanto e satisfação de Daltrey e Towshend nessa hora.

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Claro que não faltaram sequências matadoras de Tommy e Quadrophenia, duas operas rock que fizeram história na música. E também teve Who Are You, faixa título do último disco gravado por Keith Moon, quer virou tema de série na TV.

Deu vontade de chorar ao ouvir Baba O’Riley e Won’t Get Fooled Again, que encerraram o show. Ali tive a nítida certeza do que sentiu Mick Jagger em 1968, ao pisar o palco no especial Rock´n Roll Circus, depois do The Who.

Azar do Guns´n Roses, que tocou na sequência. É impossível superá-los em força e emoção.

The Who, vai ser, para sempre, a epítome do rock´n roll.