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Quando o Natal em Santos teve uma invasão pirata

A história real de como uns ingleses muito mau-educados estragaram a ceia de 1591

Tempo de leitura: 4 minutos

Feliz Natal, santista! Nesta época do ano, a gente costuma pensar em presépios, ceias fartas, amigo secreto e aquela tia que sempre pergunta quando você vai casar, e claro, sempre tem o tio do pavê, personagem icônico. Mas você sabia que há exatos 434 anos, o Natal em Santos foi bem diferente?

www.juicysantos.com.br - A invasão pirata em Santos quando o Natal foi menos Ho Ho Ho e mais Ó nós aqui sem ninguémImagem: Memória Santista

Estamos falando de um ataque pirata em plena noite de 24 de dezembro. Isso mesmo: enquanto o pessoal rezava na igrejinha da Misericórdia, um bando de corsários ingleses resolveu que seria uma ótima ideia invadir a cidade. E não foi.

O pior presente de Natal da história

Era véspera de Natal de 1591 e os moradores de Santos estavam reunidos na igreja, todos comportadinhos, celebrando o nascimento do menino Jesus. Ninguém imaginava que Thomas Cavendish, um pirata inglês com nome de personagem de novela das seis – estava tramando o pior crash de festa da história santista.

O plano? Aproveitar que todo mundo estava distraído com as orações natalinas (inclusive os vigias da Fortaleza da Barra Grande, que claramente tiraram folga) para invadir a vila sorrateiramente. E deu certo! Três navios piratas, com nomes tão ameaçadores quanto Roebuck, Desire e Black Pinese,  passaram direto pela fortaleza como se estivessem entrando num drive-thru.

A estratégia do mal: corsário style

Cavendish era tão presunçoso que nem veio no primeiro ataque. Ficou de boa ancorado em São Sebastião, provavelmente tomando rum e esperando relatório. Deixou o capitão Cocke comandar a operação. O vento ajudou os marujos mal-intencionados, que conseguiram entrar na baía sem fazer barulho. Quando perceberam, já dava pra ouvir o sino da igreja ao longe. Imagina a cena: os piratas remando em silêncio, se aproximando, enquanto o povão cantava “Noite Feliz”. Mas que não ia ser nada feliz.

Caos total: fogo, pânico e muito drama

Os primeiros piratas desembarcaram e já começaram ateando fogo em casas no Valongo. Enquanto isso, outro grupo avançou direto pra igreja e capturou todo mundo de surpresa. Pegaram até as autoridades locais como reféns, tipo Braz Cubas e companhia. Zero resistência, porque né, quem vai pra missa armado?

Daí pra frente foi aquele filme de terror: saquearam tudo, detonaram casas, igrejas, capelas, até jogaram a estátua de Santa Catarina de Alexandria no estuário (ela foi encontrada só 70 anos depois). Alguns moradores espertos conseguiram fugir pelo Morro São Jerônimo e se esconder em cavernas. Quem tentou bancar o herói e enfrentar os piratas? Bom, digamos que não deu muito certo.

Cavendish chega pra “comemorar”

No dia 26, Thomas Cavendish finalmente apareceu, descendo pelo canal de Bertioga tipo celebridade chegando em festa. Trouxe mais 200 homens de reforço porque aparentemente não tinha causado destruição suficiente. Mandou queimar todos os navios do porto, atacou São Vicente também e basicamente fez um tour de terror pela região. Os caras ficaram por dois meses na cidade. Imagina hospedar pirata por dois meses? Pior que sogra em dezembro.

A revanche: santista não é bobo

Mas aqui vem a parte boa da história! Em 1592, Cavendish tentou repetir a dose, achando que ia ser moleza de novo, só que não. Dessa vez, os santistas estavam preparados. Reuniram colonos, indígenas e formaram um exército. Resultado? Massacraram 25 ingleses que ousaram desembarcar. Cavendish, que já vinha acumulando fracassos pelo caminho, saiu daqui com o rabo entre as pernas e nunca mais voltou.

O corsário ainda tentou saquear Vitória e Ilha Grande, mas fracassou feio. Acabou morrendo no caminho de volta pra Inglaterra, provavelmente pensando “putz, não devia ter mexido com santista”.

Então, quando você estiver reclamando da ceia deste ano, que a farofa tá sem bacon, que esqueceram o chester, que o amigo secreto deu errado, lembre-se: pelo menos não tem pirata inglês invadindo sua casa.

Feliz Natal, Santos! Que esta seja uma celebração repleta de paz, alegria e zero invasões de piratas.

Fonte: Memória Santista

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