Gestação e coronavírus: como grávidas devem lidar com a pandemia
Monyza Souza está grávida de 32 semanas.
Depois de descobrir a gestação, ela buscou apoio da mãe e também de uma doula. Além disso, voltou a fazer atividades físicas e se inscreveu em alguns cursos que a ajudariam neste período e também na educação da filha. Há três semanas, ela não sai de casa.
Gestação e coronavírus: como agir
Por conta da pandemia do coronavírus, as aulas do curso de Monyza foram suspensas e a maternidade já alertou: é melhor não levar acompanhantes (além do pai e da doula) no dia do parto.
Uma mudança brusca nos planos traçados para um momento tão delicado. Assim como ela, mulheres gestantes em diferentes endereços vivem a mesma rotina e com as mesmas dúvidas: como levar a gestação em tempos de coronavírus?
“Desde que a quarentena começou eu só saí de casa para consultas que não poderiam ser desmarcadas. Mas, ainda assim, sai com bastante receio”, comenta.
Para essas saídas, a máscara é um acessório indispensável. Além do álcool gel e de seguir as orientações dadas pelos médicos: não levar as mãos ao rosto ou mexer na máscara, por exemplo.
Se você está grávida e, assim como Monyza, tem dúvidas sobre como lidar com essa situação, o ideal é que fique em casa o máximo possível.
De acordo com Danyelle Ferreira Farias, obstetriz e co-fundadora do ELAS (grupo de apoio ao pré-natal, parto e pós parto), as informações sobre as consequências da infecção pelo coronavírus e gestação, parto e amamentação são escassas.
Ou seja, precisa manter a quarentena e todos os cuidados possíveis. Apesar disso, é importante continuar indo às consultas de pré-natal.
“Os serviços e profissionais precisam se adequar ao momento. Numa gestação de baixo risco, por exemplo, é recomendado que as consultas de rotina do primeiro e segundo trimestre sejam espaçadas”.
Além disso, a orientação é para que o momento da ida da gestante até o serviço seja aproveitado para fazer tudo o que for necessário – desde coleta de exames de rotina até vacinas.
Risco de transmissão do coronavírus
Na 22ª semana de gestação, Verônica Ponce tem outro impasse em sua gestação: as consultas no ambulatório foram canceladas. E, até o momento, não há previsão de retorno.
“Ainda não sei como vou fazer pra passar por consultas. Pois optei pelo ambulatório justamente pra não ser despejada de nenhum médico”, explica.
A santista conta que foi rejeitada por médicos da cidade em suas duas primeiras gestações. O motivo? Ela optou pelo parto natural e os médicos interromperam o atendimento, já que não iriam receber pela cesariana.
De acordo com Danielly, a preocupação que Verônica teve com os dois primeiros filhos se justifica ainda mais necessária neste momento. Já que a indicação é que, salvo casos de gravidez de risco, as mulheres evitem fazer cesariana neste momento.
“Cesarianas desnecessárias e intervenções sem indicações aumentam os riscos de complicações maternas e fetais. Consecutivamente, pode haver um aumento no tempo de internação e, portanto, exposição tanto da mãe quanto do bebê ao vírus em ambiente hospitalar”, explica.
Parto de mães infectadas
As pesquisas sobre o Covid-19 ainda são recentes. Por isso, não há existem evidências até o momento de que possa ocorrer transmissão vertical, ou seja, uma mãe infectada com o vírus transmiti-lo ao bebê ainda dentro do útero via placentária – o que é possível com o H1N1.
Apesar disso, o parto de uma mulher diagnosticada com o Covid-19 precisa ter alguns cuidados. Segundo Danyelle explica, entre os cuidados necessários estão, por exemplo: uso de máscara pela mulher durante todo o processo.
“Também é necessário que haja uma higienização das mãos, braços, tórax e abdome da mãe antes do contato pele-a-pele. Aquele momento logo após o nascimento em que se coloca o bebê diretamente em contato com a mãe”.
Ela explica que esse momento é extremamente importante para a adaptação do recém-nascido ao ambiente fora do útero. Por isso, o ideal é que seja mantido, porém com os cuidados necessários.
Além disso, o aleitamento também precisa acontecer normalmente.
Em resumo, o ideal é que mulheres grávidas façam como Monyza e Verônica e fiquem em casa o máximo possível. E que, quando necessário sair, tomem todas as medidas necessárias. Como o uso de álcool gel e a higienização de todos os itens levamos para a rua.
Leia também nossa matéria sobre como manter a saúde mental em tempos de coronavírus – isso faz toda a diferença pra viver esse período de forma mais leve.