Texto porLuiz Gomes Otero

Redescobrindo a genialidade de Alex Chilton

Creio que todo músico de banda de rock alternativo ou indie rock deveria prestar um tributo ao genial Alex Chilton, líder da banda Big Star nos anos 70 e que também fez parte da banda Box Tops nos anos 60. Morto em 2010, com apenas 59 anos, ele deixou uma obra que pavimentou o caminho a ser seguido pelo rock contemporâneo.

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Algumas gravações suas em carreira solo, feitas em 1975, entre os álbuns Bach’s Bottom e o EP Singer Not The Song, foram redescobertas e lançadas recentemente no disco Take Me Home And Make Me Like It.

São 12 faixas com takes de gravações não definitivas desses dois álbuns. Ou seja, mostram o gênio em ação no estúdio, ensaiando e aprimorando os arranjos e as interpretações das canções.

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O que mais me marcou nesse disco foi a faixa Every Time I Close My Eyes (do disco Bach’s Bottom). Trata-se uma versão mágica, que faz uma ponte entre os anos 60 e 70. E com um arranjo praticamente cru, feito na hora pelos músicos no estúdio.

A canção foi composta originalmente pelo produtor Jon Tiven e seu parceiro, Tommy Hoehn (os dois fundariam a banda Prix mais tarde). Há lirismo e sensibilidade nos versos compostos de uma forma incrivelmente simples e direta.

“Às vezes, quando eu abro a boca/As palavras entram no caminho/Mas toda vez que fecho meus olhos/Eu sei exatamente o que dizer…”.

Posso destacar ainda a canção Singer Not The Song, igualmente genial, que acabaria sendo o título de um EP lançado na época, e as versões arrebatadoras de I’m So Tired (do White Albuum, dos Beatles) e de Summertime Blues (hit de Eddie Cochran nos anos 50).

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Há dois takes da canção Jesus Christ e uma emocionante versão a capella (sem instrumentos, só com voz) de Every Time I Close My Eyes fechando o disco. Um documento importante da obra de um dos pais diretos do atual indie rock. E que agora pode ser desfrutado por todos em disco.

Uma audição imperdível, sem sombra de dúvida.