Texto porFlávia Saad
Santos (SP)

A diversidade orgânica de Silvino

Soropositivo e apadrinhado por Elza Soares, o santista Silvino lança seu primeiro EP, Húmus.

Silvino quer ser feliz com urgência. E ele está se jogando nessa felicidade como se não houvesse amanhã.

Aos 25 anos e soropositivo, o cantor santista lança Húmus, seu primeiro EP, cheio de gritos e berros, com uma vibe fresca política e ousada, dançante e enérgica, deliciosa de se ouvir.

“Húmus é um reduto orgânico em forma de música. É sobre o que é visto como indesejado e apodrecido, mas que na verdade é alimento para uma sociedade mais rica e diversa”, explica o compositor.

O álbum reúne funk psicodélico, rock’n’roll distorcido e a finesse do jazz e da bossa nova em uma mistura refrescante e necessária para a música caiçara.

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Sua música funciona como veículo para dizer coisas que pensa e sente. Mas, mais do que isso: Silvino sabe do seu papel para outras pessoas que também vivem com o HIV.

“É um veículo pra dizer que nós, LGBTQIs, seguimos sendo ignorados pelo ambiente escolar, a exemplo do MEC ter suprido da BNCC o respeito à identidade de gênero e à orientação sexual no ambiente escolar. Uma das maiores violências psicológicas que eu sofri foi na escola, há 15 anos. Até quando? Até quando as pessoas não serão educadas para a diversidade?”

Elza Soares já aprovou: a dama maior da música brasileira viu a performance do artista em Olhos Amarelos e ficou encantada. Da mesma geração de Linn da Quebrada, Rico Dalasam, Pabllo Vittar, Assucena Assucena, Raquel Virgínia, Liniker e os Caramelows e outros, Silvino canta a diversidade de uma forma orgânica.

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“As pessoas precisam saber que duas bichas se amam” (Atrito, Silvino)

Ele tinha 14 anos quando começou a compor as primeiras músicas. Em 2015, iniciou os estudos no Conservatório de Cubatão e teve uma canção gravada por Simone Ancelmo.

Mas saber que era portador de HIV acelerou os planos de fazer o que ama.

“Não podia esperar mais. Então o desejo de dar um primeiro passo autoral e realmente público ficou mais forte. Foi neste momento que procurei o (produtor musical) Theo Cancello e, juntos, produzimos Húmus”.

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Nesse disco, as influências transitam, principalmente, na obra de Caetano e Gil nos anos 1970. Também se inspirou no álbum A Mulher do Fim do Mundo, de Elza Soares.

“Na vida e na arte, e arte como um todo, minha mãe e a atriz Renata Carvalho são fontes de inspiração. Mulheres que quebram uma lógica excludente e galgaram espaços”.

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No dia 21 de julho (sexta-feira), Silvino faz show de lançamento de Húmus no Teatro Guarany.

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