Texto porFlávia Saad
Santos (SP)

Sete dias para o jogo de sábado, novo livro de Fabrício de Lima

O guarujaense Fabrício de Lima é um profissional multifunção. Atua como radialista, cineasta e jornalista esportivo. Agora, soma o crédito de autor de livros ao seu currículo.

Ele lança neste sábado (21 de julho), no Sesc Santos, Sete dias para o jogo de sábado, obra infantojuvenil que se inspira na cidade de Santos e no número sete pra contar a história de Giovanni.

www.juicysantos.com.br - sete dias para o jogo de sábado

Ele é um menino bom de bola prestes a disputar sua primeira final de campeonato. No entanto, a uma semana da decisão, acontecimentos inesperados exigirão dele muito mais do que dribles e chutes certeiros ao gol.

Aos 33 anos, Fabrício agregou suas experiências do jornalismo e do cinema para criar uma narrativa vibrante e que mostra que o futebol nada mais é do que uma metáfora para a vida. Também traz algumas lições sobre ética, generosidade e empatia importantíssimas pra molecada que está em crescimento.

“Gostaria de levantar uma reflexão para essa nova geração. Que todos nós possamos repensar os (pré)conceitos e valores, tanto de família quanto de política, cidadania, direitos e deveres. E principalmente, que o nosso olhar seja de respeito, procurando sempre se colocar no lugar do próximo”

Entrevistamos Lima para saber um pouco mais sobre seu processo criativo, inspirações – que vão de Pelé a Stanley Kubrick – e projetos futuros.

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Juicy Santos: Quais são as principais referências e inspirações do livro?
Fabrício de Lima: A ideia é composta basicamente no número “7”, que é o número de capítulos da obra.

Além disso, o número está relacionado em vários aspectos culturais em nossa sociedade, como cinema “a sétima arte”, arquitetura “as sete maravilhas do mundo antigo e moderno”, religião “o mundo criado em sete dias”, entre outros.

Outra inspiração é a nossa cidade. Apesar de ser palmeirense fanático, a cidade de Santos, é um local com uma identificação expressiva com o futebol, devido ao Santos Futebol Clube, time com um grande apreço com os jovens, formando os “meninos da vila”, não somente para os campos, mas também como cidadãos. Sem contar que o time da Vila Belmiro formou o maior atleta do século, Edson Arantes do Nascimento, o “Rei Pelé”.

A última foi a indignação. Apesar de o livro ter a temática do futebol, procurei inserir em todas as situações do enredo os problemas de corrupção da nossa sociedade. Vejo todos reclamando dos políticos, dos grandes desvios, mas a maioria das pessoas realizam pequenas corrupções como ultrapassar o sinal vermelho, fora da faixa de pedestre, falsificação de documentos entre outras coisas.

Com a formação e experiência em cinema, as referências cinematográficas foram mais fortes para a criação da obra, com o americano Stanley Kubrick, o iraniano Asghar Farhadi e o brasileiro Kleber Mendonça, todos diretores e roteiristas de seus filmes. A literatura de George Orwell, da qual sou fã, foi uma grande inspiração também. E a transformação de tudo isso, para o público juvenil, contou com grande influência de J.K. Rowling, com o seu primeiro livro de Harry Porter e O pequeno príncipe de Antoine de Saint-Exupéry. Na fonte nacional, bebi de nomes como Monteiro Lobato, Machado de Assis, Ruy Castro, José Roberto Toreiro e José Trajano.

Juicy Santos: Como se deram o desenvolvimento e a pesquisa desse projeto?
Fabrício de Lima: Aprofundei os meus conhecimentos no futebol de base, visando captar ainda mais o ambiente do esporte nas categorias infantis, entrevistando coordenadores dos clubes tradicionais da nossa região, como Jabaquara Atlético Clube, Associação Atlética Portuguesa, Santos Futebol Clube, entre outros times de bairros.

Mas o mais importante foram as entrevistas com os pais de crianças, nas quais encontrei as principais dificuldades no dia a dia para a educação dos filhos, perante as questões e situações sociais da atualidade. Além disso, realizei uma profunda análise em obras sobre educação infantil, como o autor Içami Tiba (Quem ama, educa!).

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Juicy Santos: Você se identificava com esse tipo de literatura quando menino?
Fabrício de Lima: Infelizmente, quando jovem, não tinha o hábito nenhum pela leitura, apenas pelo cinema. Minha mãe locava pilhas de VHS para assistirmos e geralmente, em todas as estreias de filmes, ela me levava ao Cine Roxy, Iporanga, Alhambra ou Indaiá.

Juicy Santos: O público jovem masculino é, imagino, bem árduo quando se fala de literatura. Você acha que acontece mesmo isso? E por que?
Fabrício de Lima: Muito árduo. Talvez eu mesmo seja a prova disso. Acredito que os homens demoram mais para amadurecer. Só tive a real noção de importância da literatura aos 23 anos, na faculdade. Outra situação é o incentivo dos pais. No meu caso, o meu maior incentivo à cultura foi o cinema, onde aprendi coisas fundamentais. Porém, a literatura é a origem de tudo. Até dos filmes, nas palavras. Isso já mostra o quanto ela é fundamental.

Juicy Santos: Pra, literalmente, driblar essa suposta falta de interesse dos meninos em leitura, quais ferramentas você utilizou?
Fabrício de Lima: O futebol. A minha aposta foi essa. Não concordo que o Brasil seja o país do futebol;  pelo contrário, é o país da vitória. Caso o time esteja bem na tabela comparecem ao estádio, caso contrário, não. (E isso está inserido na nossa sociedade, hoje o jovem tem que ser o melhor, o primeiro, o formado. E todos nós sabemos que, na vida, geralmente, mais perdemos do que ganhamos).

Deixando de lado um pouco o aspecto econômico de hoje, que é importante. Como diz a famosa música do Skank “Quem não sonhou, em ser um jogador de futebol?”. Acredito que por apostar nesse esporte reconhecido nacionalmente, aliando o cunho social que a obra contempla também, os julgadores do ProAC também apostaram no projeto.

Juicy Santos: E quais são seus próximos projetos culturais?
Fabrício de Lima: Participei da produção de longas-metragens, foram experiências incríveis. Consegui vivenciar, na prática, as principais diferenças dos curtas para os longas, desempenhando diversas funções nesses filmes, como primeiro assistente de direção, diretor de produção, assistente de produção e até realizando figuração, ou seja, aprendizado na frente e atrás das câmeras. Sem contar dividir o set de filmagens com grandes atores brasileiros como Luiz Guilherme, Genézio de Barros, Jackson Antunes, Charles Pavarenti, Thaila Ayala, Denis Derkian, entre outros.

Na realidade, Sete dias para o jogo de sábado era uma ideia para o meu primeiro longa-metragem, como diretor e roteirista. Agora, além de roteirizar a obra para poder filmar, estarei procurando os recursos para lançar a “versão” cinematográfica da história.

Paralelamente, uma continuação do livro não está descartada, dependendo da aceitação do público. Além disso, estou escrevendo e pesquisando um argumento para a produção de outro enredo para longa-metragem. Outro livro, dessa vez infantil, com ilustrações, também está em produção, no qual irei contar a história de uma irmã em busca do seu irmão com Síndrome de Down.

Lançamento: Sete dias para o jogo de sábado

Quando: sábado (21 de julho), às 15 horas
Onde: Sesc Santos, Rua Conselheiro Ribas, 136, Aparecida
Quanto: entrada gratuita; R$ 24,99 (livro). Haverá sorteio para jovens entre 10 e 14 anos.