Texto porLudmilla Rossi
Santos

Rodrigo Savazoni fala sobre a Casa de Cultura Digital de Santos

Lembra que falamos aqui da chegada da Casa de Cultura Digital à Santos? Pois bem, entrevistamos o Rodrigo Savazoni, que fala sobre a iniciativa para o Juicy Santos.

Está boiando? Então veja o post:
Casa de Cultura Digital – uma boa notícia para Santos.

Rodrigo Savazoni fala sobre a Casa de Cultura Digital de Santos

O que exatamente é a Casa de Cultura Digital? Como e quando ela começou? Qual é a finalidade?
Digamos assim: a casa da cultura digital é um arranjo coletivo. Foi criada há 3 anos, em São Paulo, a partir de uma articulação de comunicadores, produtores culturais, desenvolvedores, designers, artistas comprometidos com as transformações ocasionadas pela era digital. A Casa também tem um lado político forte, de defender o uso das tecnologias para promover a democracia, de lutar pela compreensão de que a rede é um direito humano, de exigir a inclusão digital da população, de defender o acesso livre ao conhecimento e também os softwares livres, de acreditar nos commons, ou seja, no compartilhamento comum dos bens informacionais.

Atualmente, ela reúne redes, produtoras, pequenas empresas, indivíduos, associações, que trabalham de forma cooperativa, para a construção de projetos próprios ou em parceria.

A finalidade é pensar em novas formas de viver e produzir, de trabalhar e ser feliz. Ou seja, encontrar uma maneira de levar uma vida digna, fazendo coisas necessárias para o nosso planeta. Com a certeza de que essa é uma tarefa urgente.

Por que Santos foi escolhida para receber a iniciativa? Ela existe em quais outros lugares?
Sempre tive uma relação muito forte com Santos. Não nasci aqui, mas cresci vindo para cá e herdei um amor pela cidade do meu pai, Jaime Savazoni, que se formou médico aqui nos anos 1970 e que é apaixonado por Santos. Há um ano e meio mudei-me para cá, em busca de uma vida melhor pra mim, Lia e meus filhos. E estou adorando.

Também percebi uma cidade vivendo um momento de entusiasmo consigo mesma e com seu futuro. E achamos, eu e Lia, que é minha companheira de vida e na construção da CCD, que seria legal tentar refazer o percurso de criação da CCD por aqui também, com duplo objetivo: promover um intercâmbio com o pessoal da nossa rede que está em São Paulo e articular as forças que estão por aqui na Baixada.

Ainda estamos começando, mas já deu para sentir que existe uma grande possibilidade de dar certo. A Casa está se expandindo também, este ano, para o Rio, Porto Alegre, e, talvez, Fortaleza. Em cada localidade, é articulada por grupos locais, de forma autônoma. O mais legal é que estamos fiando uma rede muito potente.

Como as pessoas podem ajudar/participar da Casa de Cultura?
Nesse começo, podem participar das atividades que estamos organizando, sempre em parceria com instituições aqui da Baixada. Começaremos em julho com atividades no SESC.

Em agosto, temos do dia 14 ao 17 a Semana de Jornalismo Digital da Baixada Santista. Também estamos marcando encontros, para conversar, conhecer as pessoas, e pensar em possibilidades. Outra forma de estar conectado é participando do nosso grupo no Facebook, que já tem mais de 1000 membros, e também, logo menos, acompanhar as novidades pelo site www.casadaculturadigital.com.br/santos.

A comunicação digital está vivendo um momento de regionalização?
A comunicação digital é por excelência glocal, para usar um termo que eu vi que vocês reivindicam no site de vocês. Ou seja, daqui de Santos, pode-se acessar o mundo.

O que eu acho mais bacana é que a comunicação digital começa a deixar de ser uma novidade (muito embora ainda amedronte muita gente) e com as mídias móveis começa a se misturar no tecido social. Acho que a aliança entre experiências de utilização de equipamentos móveis conectados em rede e cidadãos circulando pelas cidades é algo muito fascinante e que está só começando a ser explorada em sua total potencialidade.

Estamos entrando na fase da internet das coisas, onde não só mais aparelhos eminentemente comunicacionais estarão conectados em rede, mas todos os artefatos, de todas as naturezas, poderão ser acionados por meio da internet. Isso apresenta um enorme desafio e é fascinante pensar o que se pode fazer nesse sentido.

No caso de Santos, penso que o contraponto necessário à descoberta do petróleo, num momento em que o mundo discute a necessidade de repensarmos o papel dos combustíveis fósseis, é o investimento em tecnologias limpas e nas produções voltadas para a sociedade da informação. O petróleo deve ser o fiador de uma Santos contemporânea, sustentável, voltada para uma boa vida para as pessoas. Acho que a comunicação digital pode ajudar muito a conseguirmos isso.