Texto porVictória Silva
Jornalista, Santos

Erica Gropp Colen: do AC Camargo ao Louvre

Se “a pintura é a poesia sem palavras”, como Voltaire dizia, o voo entre o A.C Camargo e o Louvre é a resposta aos versos silenciosos de Erica Gropp Colen.

Erica Colen

A angústia vivida pela santista, que acompanhou o tratamento de câncer de sua mãe, foi traduzida em rabiscos ainda no quarto da UTI. De início, o objetivo era um só: fortalecer aquela que havia feito isso por Erica durante toda a vida.

erica colen

As imagens ganharam cor e uma outra característica: retratar a cidade que, naquele momento, fazia falta a elas. Flores do jardim, muretas dos canais, peixes e guarda-sóis passaram a povoar a arte de Érica.

O jogo de sombra e luz é um relato dos momentos de medo, em que o traço fica forte e sem espaço para a paz trazida pelo branco. Assim como a queda de ao menos um guarda-sol em meio ao horizonte. “Nada nunca é totalmente florido. Isso é uma forma de mostrar o momento que estávamos vivendo. Ela estava bem, mas o câncer ainda existia e era impossível esquecer”, relembra a artista com os olhos marejados.

Hoje, sua mãe esta curada e as peças da artista ganharam o mundo. Além do Louvre, museus nos Estados Unidos e Alemanha já receberam seus quadros, que continuam a viajar e fazem uma parada por Santos, numa exposição no Shopping Parque Balneário, marcada para julho.

O olhar otimista e ao mesmo tempo reflexivo desta santista, formada em artes plásticas pela PUC-Campinas, é mais que uma bela história e sim um exemplo de como levar os momentos difíceis.

Erica Colen

Se ainda tem sonhos? Erica responde: “expor no A.C Camargo. Achei que conseguiria quando expus pela primeira vez no Shopping Parque Balneário, mas ainda não foi possível. Acredito que seria incrível, porque existem diversas pessoas passando pelo mesma situação que eu e a minha mãe estivemos. Talvez pudéssemos dar o exemplo, mostrar que com a arte fica mais fácil e, quem sabe assim, as pessoas começassem a desenvolver algo que não fosse medo, angustia e lagrimas por lá”.

Antes disso, no entanto, as telas continuam pela Europa, que já se tornou a sua segunda casa.