Texto porLudmilla Rossi
Santos

Funk Ostentação – o documentário

O jovem diretor Konrad Dantas (ou Kondzilla) acaba de lançar o documentário Funk Ostentação. Fizemos uma rápida entrevista com ele pelo Facebook sobre o tema do doc de 36 minutos, que já vem despertando interesse de grandes marcas. É mais um trabalho audiovisual da nossa região que merece o nosso prestígio e observação.

O documentário “Funk Ostentação” completo está no final desse post.

Juicy Santos: Qual a história por trás do documentário Funk Ostentação?
Kondzilla: Retratamos como surgiu e o que está realmente acontecendo por trás desse mundo que prega luxo e ostentação e que vem arrastando toda essa multidão nas festas, na internet, nos sons dos carros e nos celulares dos jovens de hoje. O idealizador do projeto Renato Barreiros, já havia produzido um programa (Reis da Rua – TV Cultura) que mostrava a importância que alguns personagens de diversas manifestações culturais tem em suas comunidades e sabia que existia um movimento muito forte acontecendo no funk de São Paulo. Por eu estar envolvido diretamente com a difusão do movimento me chamou para retratamos como surgiu e o que está realmente acontecendo por trás desse mundo que prega luxo e ostentação e que vem arrastando toda essa multidão nas festas, na Internet, nos sons dos carros e nos celulares dos jovens de hoje.

Juicy Santos: Como você se envolveu com o universo do Funk?
Kondzilla: O funk sempre foi muito forte na minha região (Baixada Santista) e eu conhecia algumas pessoas do meio mas eu trabalhava com efeitos visuais para filmes publicitarios, com o tempo eu vi que eu investia mais meu tempo estudando direção de cena e fotografia do que os efeitos, sabia a importância que o funk tinha pra comunidade e também que não tinha ninguém com o olhar voltado para isso. Então decidi que eu ia viver de videoclipes e fui em busca do mercado que estava carente de audiovisual. Conheci o MC Primo, fiz um videoclipe para ele que foi indicado para o Curta Santos 2011, ele me apresentou o MC Boy do Charmes, que também estava precisando de um clipe porque outro artista que já era de nome estava cantando a música dele e ninguém acreditava quando ele cantava a sua própria música. Então fizemos o clipe “Megane” que bateu 1 milhão de exibições em 28 dias. A partir desse momento, o funk me acolheu e passei a viver disso, graças a Deus.

Kondzilla

Juicy Santos: O funk de ostentação cita muitas marcas em suas letras. Red Bull, Johnnie Walker, Absolut, Oakley, Ecko, Citroen são algumas delas. Isso é encarado como uma forma de publicidade por elas? Ou realmente é parte do lifestyle do funk?
Kondzilla: As marcas ainda não se preocuparam em se associarem a parte positiva dessa divulgação, mas sem dúvida parte do público conheceu algumas delas, ou modelos de carros, de relógios, óculos, etc através das letras de funk. Que é caracteristica do funk de São Paulo citar esses elementos.

Juicy Santos: Você é conhecido como o criador da estética do Funk Ostentação.Queremos saber que estética é essa.
Kondzilla: É valorizar os artigos de luxo que fazem parte da produção do clipe, como os relógios, bebidas, carros, as rodas dos carros, as motos, as mulheres, tudo que a letra que já é um pré-roteiro cita, montando uma história em cima disso tudo.

Juicy Santos: Você foi visionário ao adotar um nicho musical carente de boas produções audiovisuais, e se transformou e empreendedor por conta disso. Qual a sua história de vida e como tudo isso aconteceu?
Trabalhava em uma universidade de Santos com web, mas ainda não era isso que eu queria da minha vida, sempre adorei efeitos mas não tinha condições de estudar pois era um investimento muito alto. Em 2008 a minha mãe faleceu e eu tive a oportunidade de estudar cinema 3D e animação em São Paulo e fiz um curta metragem como TCC chamado Sentimento Urbano. Com esse curta consegui entrar na área de composição de efeitos visuais na publicidade. Meu contato com a música foi com o hiphop, inclusive o primeiro clipe que eu dirigi foi de hiphop. A linguagem dos clipes de rap americano sempre me encheram os olhos e sempre tive vontade de fazer isso aqui no Brasil, mas as pessoas ainda não aceitavam muito bem.

Mas como ja falei, o funk é muito forte na Baixada Santista. Eu conhecia algumas pessoas do meio, e o clipe que eu tinha feito de rap não tinha dado muito retorno (e os que deram foram negativos, pois o público ainda não estava preparado para aceitar aquilo no gênero).

Assim voltei a trabalhar com publicidade normalmente como antes, como no hiphop já existiam pessoas que faziam clipes bacanas, e a minha linguagem não foi aceita pelo público procurei outros estilos de videos para fazer, então comecei a fazer videos de esportes radicais, rock e funk, e no funk foi onde as coisas começaram a acontecer para mim, o começo foi difícil como é para qualquer um em qualquer projeto, eu estava decidido que queria viver de videoclipes mas ainda fazia poucos trabalhos. O mercado foi entendendo que era necessário ter os clipes para se manter na mídia e nosso nome era o mais procurado para realizar isso.

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Depois de assistir o doc, a gente nota o que conecta a maior parte da humanidade: o sonho “de ter” e “de ser”, independente de qual estilo musical é ouvido.