Texto porLuiz Gomes Otero

Bohemian Rhapsody e a história do Queen na telona

Claro que, sendo colunista de música e fã do Queen, não poderia perder a exibição do filme Bohemian Rhapsody, que mostra a trajetória do grupo e de seu frontman, Freddie Mercury, nos anos 70 e 80. E o resultado final acaba sendo positivo.

Mesmo constatando a ausência de algumas informações relevantes sobre o grupo, vale a pena conferir a produção.

A magia do cinema, em algumas ocasiões, acaba por não trazer à tona toda a verdade da vida real. Há uma espécie de licença poética nos roteiros, creio eu, para dar um certo ritmo a produção na telona.

Então, se você respeitar esse ponto de vista, mesmo sendo fã de carteirinha da banda e conhecendo a história do grupo, vai acabar gostando do que vê na telona.

O filme inicia a história a partir do mítico encontro do vocalista Freddie Mercury, interpretado de forma magistral por Rami Malek, com o guitarrista Brian May e o baterista Roger Taylor. Estes dois últimos já tinham, juntos, fundado a banda Smile, no final dos anos 60.

O baixista John Deacon entrou logo depois. A história passa pelos conturbados e intensos anos 70 e 80, até chegar na apresentação no Live Aid. Esse show foi o auge da popularidade da banda antes da morte precoce do vocalista em 1991, vítima de complicações causadas pela AIDS.


Cabe aqui algumas observações. A gravação do disco solo de Freddie Mercury – o ábum Mr. Bad Guy – é colocada no filme como um fator de afastamento dos integrantes.

Mas é preciso lembrar que o baterista Roger Taylor já havia gravado até então dois discos solo (isso sequer é mencionado no filme), sem causar qualquer tipo de problema ou clima ruim no âmbito interno do grupo. Esses dois discos, aliás, sempre foram mencionados publicamente como um trabalho paralelo do músico e nunca interferiram na trajetória da banda, que sempre se manteve como prioridade.

O nome do álbum A Night At The Opera surge durante uma conversa com o empresário da gravadora. Na verdade, o nome foi inspirado no título de um filme homônimo dos Irmãos Marx, de 1935, que os músicos haviam visto durante os intervalos da gravação das canções.


Tirando esses e alguns outros detalhes pequenos, o filme segue uma linha biográfica mais centrada na trajetória do vocalista, mostrando inclusive os conflitos familiares com o pai, que, no início, não aceitava a postura rebelde do filho.

Pouco se mostra sobre a trajetória dos outros três integrantes, que só aparecem quando a banda está reunida.

A vida pessoal de Freddie, pelo que se sabe, era realmente muito agitada, apesar de não ser publicamente tão exposta, exceto pelos tabloides sensacionalistas da Inglaterra. Apesar de ter tido uma namorada que inspirou o hit Love Of My Life – Mary Austin, também representada no filme – ele era bissexual assumido, a ponto de assumir um romance no final com Jim Hutton – que também é mostrado no filme.


Os fãs vão se emocionar ao ver a reprodução da gravação de A Night At The Opera ou mesmo o final com a antológica apresentação da banda no Live Aid, em 1985. Todas as cenas foram muito bem elaboradas, fiéis ao ambiente da época.

Um dos momentos marcantes, aliás, acontece no ensaio para o Live Aid, quando Freddie revela para os três amigos que contraiu AIDS. Compreendendo a gravidade da situação, todos se abraçam no final.


Desnecessário comentar a trilha do filme.

Ela funciona como uma ótima coletânea da banda e irá agradar os fãs em geral, incluindo hits como We Will Rock You, We Are The Champions e Now I’m Here, entre outras.

No final, você pode até não ter uma produção digna de um Oscar. Mas isso é o que menos importa. O que vale mesmo é a emoção que o filme transmite, ajudando a manter viva a obra desse grupo.