Texto porLudmilla Rossi
Santos

Chanel pisou feio

A Chanel toda feliz e empolgada vai lá e divulga o lançamento de um novo produto no meio de sua nova coleção. Um tênis inocente. Oi?

A Chanel acaba de lançar sua coleção de primavera-verão 2012/13. Entre os produtos da temporada, há uma grande novidade, tênis para prática de esporte. Na cartela de cores, nada de tons neutros e sóbrios, pelo contrário, cores fortes como vermelho, verde, amarelo, azul e laranja, em tonalidades bem saturadas, predominam entre branco e prata.

Veja com os seus próprios olhos:



O que falar? Não estou aqui para gongar a Chanel, mas vamos refletir: como uma marca como a Chanel lança um produto sem qualquer conexão com seus atributos de marca?

Quando recebi esse release quase caí para trás, pensando em toda a burocracia de aprovação de produtos das grandes corporações. Será que tava todo mundo de olho fechado e meditando quando isso foi apresentado em reunião de produto? Sério, li e reli achando que se tratava de um produto para crianças. E ainda assim eu acharia estranho… mas não. O produto é para adultos, para o target Chanel, pois custa de R$ 1200 a R$ 1800. Não é uma linha mais barata. É um tênis para esportes, mas tão indigesto quanto uma pirataria “Reelok” ou “Naike”.

Não consigo associar esse produto à Chanel, nem usando a ousadia como desculpa. Chanel lançar esmalte verde há anos atrás é vanguarda, é detalhe, é a ousadia sutil e muito bem feita. Chanel lançar esse tênis estapafúrdio simplesmente não faz sentido: não carrega nenhum atributo de marca, não rejuvenesce, não empresta nada. Só queima.

Mas é só um tênis, não é mesmo? Sim, é só um tênis que custa uma fábula e provavelmente é produzido por escravinhos chineses com um mark-up possivelmente muito maior do que o da Nike ou da Reebok. Com materiais bem estranhos que parecem ser bem sintéticos e baratos, nada nobres como a Chanel sempre honrou.

Sem brincadeira, só falta pisar e acender. Dessa vez a Chanel pisou feio e dificilmente será copiada e desejada.