Texto porLuiz Gomes Otero

Jack Bruce, a nata do rock

Quando se rotula algo como sendo a melhor coisa do mundo, sugerimos algo que pode soar como pretensioso. Mas quando o tema do assunto é o novo disco de Jack Bruce, essa definição se encaixa bem.

Silver Rails pode até não ser a melhor coisa do mundo (e nem de sua carreira), mas com certeza é uma amostra do que há de melhor no rock de hoje, feito com competência e dignidade por uma lenda viva do estilo.

www.juicysantos.com.br - silver rails de jack bruce

Não por acaso, Bruce integrou nos anos 60 o power trio Cream (a “nata”), que acabou ganhando esse nome porque reunia mesmo três músicos extremamente talentosos (Eric Clapton e Ginger Baker completavam a banda).

Também se aventurou no Mountain e formou outros grupos ao longo dos anos, mantendo em paralelo uma carreira solo bem consistente. Apesar de ter enfrentado alguns problemas sérios de saúde, sua performance como compositor e músico continua a mesma de sempre.

Silver Rails abre com Candelight, uma balada com sequência de backing vocais acompanhada de um belo solo de guitarra, que acabam conquistando o ouvinte logo na primeira audição.

Fields Of Forever é a minha preferida. Uma canção que poderia ser incluída em qualquer disco do Cream, assim como a balada Don´t Look Now. Rusty Lady mostra toda a habilidade de Jack Bruce como criador de riffs no baixo elétrico.

Keep It Down é outro ótimo momento, com uma pegada mais rock, cadenciada na guitarra e um vocal mais uma vez perfeito.

O segredo, como sempre, está na escolha dos músicos que participam do disco. Não há como algo dar errado quando você recruta nomes como Phil Manzanera (da banda Roxy Music), Robin Trower e Uli Jon Roth em um trabalho composto por Jack Bruce e por Peter Brown, o velho parceiro de vários hits dos anos 60, da época do Cream (incluindo Sunshine of Your Love).

Silver Rails é um daqueles discos que você pode comprar de olhos fechados, mas de ouvidos bem abertos.

Simplesmente impecável.