O tal relacionamento aberto

E cada vez mais comum encontrar casais gays que optam por uma relação aberta.

Depois da revolução sexual, quando as pessoas perceberam que há várias outras possibilidade de ficar juntos, sem ser o tradicional casamento monogâmico, abrir a relação tornou-se uma questão a ser discutida a dois.

Afinal, como canta Marina Lima na música Anna Bella, “a região do desejo não é a mesma que a do amor”.

Mas será que, na prática, é fácil aceitar outro homem dividindo a cama com seu companheiro, mesmo que por somente algumas horas? Ate onde a não aceitação de que o modelo hetero/cristão não funciona mais nos relacionamentos gays pode chegar?

Namorar alguém e pular a cerca, tudo bem né? Abrir a relação e viver de peito aberto sendo transparente e fortalecendo a confiança no outro nem pensar.

Eu já tive uma experiência nesse ramo quando namorei um casal por algum tempo, e posso dizer que tudo funcionou bem.

Era um pouco diferente dos casais que optam pela abertura do casamento e vão pra cama com diversos parceiros individualmente e talvez por isso, tenha funcionado tão bem. Acreditem ou não, era um namoro a três.

Foi um bafo quando tudo começou acontecer, mas com o passar do tempo, paramos de ouvir as piadinhas infames cochichadas a meia boca e começamos a perceber que de certa forma, éramos aceitos. Claro que essa nunca foi uma preocupação nossa, mas e interessante perceber como a própria comunidade gay reage nesses casos. Tem muito gay machista, vitimas da educação patriarcal que recebemos.

Mas não sei se existe um modelo certo pra que a coisa toda funcione. Será que faz diferença os dois estarem sempre juntos com “o outro”? Não há formula, cada casal lida com isso de uma maneira.

O que é importante nesses casos, é que o casal esteja bem afiado e confiante em relação aos seus sentimentos para que isso não vire um cavalo de batalha.

Tem sempre um dos parceiros que é mais ciumento e isso precisa ser respeitado. Também e bom avisar que “o outro”, sempre terá preferencia por um do casal. Mesmo que ele consiga dividir quem o satisfaz intelectualmente e quem o satisfaz na cama, haverá sempre uma preferencia então é importante que o casal saiba lidar com essa situação, caso perceba. Se a abertura da relação restringir-se apenas ao sexo casual, isso nunca será um problema. Mas sexo é química e quando rola, nunca fica numazinha só não e minha gente?

Para quem está envolvido com outra pessoa, abrir ou não abrir nem sempre é uma decisão fácil. Vários fantasmas começam a assombrar a mente: o medo do outro se apaixonar, ou achar o terceiro elemento de cama melhor, mais bonito, mais interessante, ou ficar envergonhado sobre o que os outros vão pensar. A pressão social também e imensa. Apontar como promíscuos e o primeiro passo de quem vê de fora. Muitos acham que e uma espécie de apêndice na relação que já esta indo pro ralo.

Mas afinal de contas, esse povo que adora te apontar o dedo paga as suas contas? Preocupe-se mais em ser feliz, é somente isso que importa.

Em Santos, as coisas não devem ser muito fáceis pra quem abre a relação e fala disso naturalmente. Numa cidade onde ser enrustido e a ordem e não te permite certo anonimato o falatório corre solto. Eu procurei alguns casais que achei em redes sociais e se expõem com fotos de rosto, por exemplo, mas não tive resposta de nenhum deles ate o fechamento da matéria. Gostaria muito de ter um depoimento de alguém que vive na Sonífera Ilha. Quem sabe eles não se manifestam nos comentários…

Hoje em dia eu confesso que já não me interessa tanto, entrar numa relação monogâmica onde eu precise esconder meus desejos e não possa conversar a respeito com meu parceiro. Eu sou um cara ciumento e como eu lidaria com isso, dependeria muito do meu parceiro e de como essa relação foi construída. De preferencia sem históricos de traição e com uma parceria solida de confiança e amor. As coisas ficam mais fáceis quando tudo anda bem na cama entre o casal, pois desta forma, o companheiro não sinta-se descartado.

Mas com toda certeza do mundo pra que esse tipo de relacionamento funcione, e importante respeitar o limite do outro.

Não da pra ficar negociando sacou? Se o seu companheiro diz não, é não e pronto. Porque senão, a coisa toda desanda e ai meu amor, fica sem o boy e os atendimentos na maioria das vezes.

E você? O pensa a respeito?