Texto porLudmilla Rossi
Santos
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Troquei meu carro pela Uber e economizei R$ 4000

Essa é a história de alguém que tomou uma decisão por um ano: viver sem ter um carro próprio. E essa decisão só foi viável depois que a chegada da Uber aqui em Santos, em meados de agosto de 2016. Eu e meu marido demoramos dois meses para tomar a decisão e ADEUS, CARRO.

Na verdade um pouquinho mais. Já havíamos cogitado nos livrarmos do carro depois de mudarmos de casa. Mas o tempo foi passando, passando e o que não nos deixava pensar diferente era o status quo social. Sempre tínhamos uma boa desculpa: ora era porque nos locomovemos muito para São Paulo, outrora era o dia de chuva, enfim, sempre uma razão favorecia o carro e não a lógica.

O fato é que troquei meu carro pela Uber.

Nosso carro era meio velhinho também, e o fato de estar com a gente há um certo tempo conotava um apego emocional: foram viagens, vitórias no trabalho, passeios e muitos momentos bons que vivemos com ele. Sem contar que, para muita gente o carro significa uma certa conquista da vida adulta. Para nós não foi diferente.

Mas a renovação do seguro chegou. Na sequência o IPVA chegaria.

Aí a lógica venceu.

Fizemos pesquisas, algumas contas e principalmente tomamos a decisão de experienciar algo novo. Esse algo novo seria estar mais livre para ir e vir, ficar menos presos a estacionamentos e vagas e respirar a rua um pouco mais.

Vou contar uma coisa para vocês: eu nunca dirigi. Mas sempre tive meu carro próprio, inicialmente junto com o namorado que virou marido. Então, sempre que eu tinha um compromisso sozinha, eu conseguia vivenciar essa “coisa” de me sentir liberta das quatro rodas. E sempre foi muito difícil explicar isso aos outros. Já me acharam maluca, aquariana demais, hippie demais. Raramente alguém dizia: “ah, faz sentido.”

A Uber me ajudou nessa. Quando o serviço foi popularizado no Brasil, vários programas de finanças, economia, passaram a questionar a necessidade do carro para quem se locomove por curtas distâncias diariamente, eu passei a parecer “menos maluca” e um pouco mais antenada. Infelizmente aqui em Santos (e no Brasil em geral) a gente é muito preso àquela linha de conforto social. Isso vem mudando aos pouquinhos  e por isso quero compartilhar essa história.

Da data na qual o carro foi vendido até o dia que publiquei esse post passaram-se 365 dias. Completamos um ano sem carro e fechei esse período com R$ 4000 a mais no bolso. Antes das flechas chegarem, vamos lembrar que é apenas a minha experiência e não uma regra de mobilidade urbana ou de finanças para millenials, tá?

Vender meu carro valeu a pena?

Sim, muito.

Pelos seguintes motivos:

  1. Trabalho perto de casa, o que permite que eu vá a pé, de bicicleta e em muitos dias de Uber
  2. Nos dias que vou de Uber, o gasto é pequeno. A ida e volta não passam de R$ 14 por dia, para 2 pessoas. Como não uso esse recurso todos os dias, compensa
  3. No começo de 2018 irei economizar (novamente) com IPVA e seguro o equivalente a mais de 12 meses de Uber.

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Quais foram os pontos negativos da venda do carro?

O pior de todos é um certo julgamento social. O “vender o carro” sempre soou como um momento de desespero financeiro e não necessariamente como uma decisão por livre e espontânea vontade. Isso só se reverteu nos últimos anos, quando a questão da mobilidade urbana passou a ter um outro olhar. Algumas pessoas estranham quando dizemos que não temos carro, outras acham curioso. Muitas nunca cogitaram a hipótese de não ter carro.

Outro ponto negativo é a necessidade de viajar distâncias longas para cidades que não sejam São Paulo. Nesses casos precisei buscar alternativas como ônibus, contratar motorista particular, ou mesmo Uber. Ou seja, dependendo da logística o bicho pega, mas confesso que não tive grandes dificuldades nos últimos meses pois a maior parte dessa minha necessidade foi a trabalho.

A espera pelas corridas me aborrecem um pouco, especialmente quando passam de 8 minutos. Porém eu sempre penso que, gastaria bem mais que isso procurando vagas ou queimaria uma fortuna em estacionamento.

Os dias de chuva ou de grande movimentação de pessoas causam também um leve transtorno, pois eles tendem a ter as tarifas muito aumentadas pelo preço dinâmico. Foram poucas vezes no ano que isso aconteceu comigo e a mais extrema foi no reveillon: cheguei a pagar R$ 45 numa corrida que normalmente não passaria de R$ 8.

Por fim, ir à praias perto de Santos, como o Guarujá foi um algo que não fiz no último ano e tenho certeza que não ter carro atrapalhou um pouco. Mas como também era algo que fazia poucas vezes, nem deu pra sentir tantas saudades assim.

Quais foram os pontos mais positivos?

O melhor de todos foi aproveitar mais os detalhes da cidade, pelo ir e vir a pé ou de bike com mais frequência. Usar a bicicleta com frequencia é um privilégio pra mim.

A economia também foi outro ponto bem alto, quase empatando com o ponto que citei acima. Não ter carro morando em Santos é bastante favorável e eu acredito que minha opinião seria diferente se eu morassem em São Paulo, por exemplo. Mas aqui em Santos o melhor que fiz foi vender o carro e aplicar o dinheiro. O rendimento do dinheiro aplicado + os custos mensais que o carro traria são suficientes para bancar o Uber + transporte público do mês (e ainda sobra).

A liberdade também é espetacular: não se prender a horários de rush, de estacionamentos, de cartões azuis ou qualquer outro acessório burocrático que venha com o carro de brinde. Poder fazer outras coisas enquanto se está no carro também é ponto forte para mim, tornando minha vida produtiva nos momentos que são improdutivos para quem dirige.

Conclusão

Em um ano sem carro eu e o meu marido só usamos os serviços de uma locadora de carros apenas uma vez por razões pessoais.

Usamos bicicleta, Uber e Cabify na maioria do tempo.

Em alguns dias usamos táxi normal ou transporte coletivo. Pelas nossas estimativas, em um ano equalizando todas as contas do carro e o que gastamos em transporte geramos uma economia de R$ 4000 no ano.

Foi uma bela decisão, com zero arrependimento. Combinamos que decidiríamos nessa época do ano se compraríamos um carro ou não.

A decisão?

Comprar mais uma bicicleta.