Texto porJuliana Duarte
Jornalista, Praia Grande

O último adeus a Pelé, o Rei do Futebol

O Brasil é o país do futebol. E, talvez, algumas gerações mais novas não entendam o real significado por trás de uma frase tão repetida mundo afora. Mas uma coisa é certa: Pelé foi grande responsável por construir essa reputação.

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Do jogador iniciante ao profissional, a verdade é que o Rei do futebol pavimentou a estrada para muitos talentos que vieram depois. E quem vê tanta gente calçando a chuteira por inspiração de Pelé, nem imagina que sua história no esporte começou de maneira simples.

O menino aprendeu a jogar com o próprio pai e mal tinha dinheiro para comprar uma bola adequada. Toda habilidade que desenvolveu durante sua trajetória começou com uma meia recheada com jornal e amarrada por cordas, ou até mesmo uma toranja. Além disso, Pelé só foi calçar chuteiras quando entrou para sua segunda equipe, ainda na juventude.

Sua despedida dos campos aconteceu em outubro de 1977, quando o Rei tinha 44 anos. Já são mais de quatro décadas desde a disputa. Mas, ainda assim, Pelé é conhecido, admirado e lembrado por todas as idades. Boa parte sequer acompanhou, em tempo real, tudo que o jogador proporcionou. E é assim, com seu legado, que Edson Arantes do Nascimento seguirá eterno.

Adeus ao Rei: a causa da morte de Pelé

O Rei passava por alguns problemas físicos desde 2012, por sequelas de cirurgias realizadas em anos anteriores. Além disso, a locomoção já estava prejudicada por dores no joelho.

A saúde do ex-jogador teve grandes altos e baixos na sequência. Ele chegou a ser internado para uma bateria de exames em 2014, que confirmaram a presença de cálculos renais. A cirurgia de retirada dos cálculos aconteceu no mesmo ano e Pelé teve complicações, sendo internado na UTI para tratamento temporário. Vale lembrar que ele tinha apenas um rim, já que o órgão direito foi retirado na década de 1970 após pancada durante uma partida.

Em 2015, o craque precisou tratar um inchaço na próstata e operar a lombar para descompressão dos nervos. Os problemas renais chegaram a aparecer novamente em 2019, quando foi hospitalizado para tratar um quadro de infecção urinária causada por um cálculo.

Após passar por tantos episódios envolvendo sua saúde, Pelé foi diagnosticado com um tumor no cólon (intestino grosso) durante exames de rotina em agosto de 2021. Ele chegou a passar por cirurgia e, enquanto estava internado, foi levado algumas vezes para a UTI. O boletim da época apontou que o ex-jogador passou por instabilidade respiratória.

Em 29 de novembro de 2022, Pelé foi novamente internado para reavaliação da quimioterapia contra o tumor, além de tratar uma infecção respiratória. O craque já não respondia mais ao tratamento, por isso foram utilizados cuidados paliativos. O falecimento veio a acontecer às 15h27 do dia 29 de dezembro. Segundo atestado de óbito, as causas foram insuficiência renal, cardíaca, broncopneumonia e adenocarcinoma de cólon.

Cortejo pela cidade e a despedida dos fãs

O velório do Rei aconteceu em um dos lugares que o consagrou no futebol: a Vila Belmiro. Segundo a assessoria do Santos Futebol Clube, mais de 230 mil pessoas foram se despedir do Rei durante os dois dias de funeral, que aconteceu em 2 e 3 de janeiro. Foram diversos fãs, amigos, jogadores, ex-jogadores e autoridades para dar um último adeus.

Entre eles, o presidente Lula e a primeira-dama, Janja, Gilmar Mendes (ministro do Supremo), Márcio França (ministro de Portos e Aeroportos) e Tarcísio de Freitas (governador de São Paulo). O prefeito de Santos, Rogério Santos, e o ex-prefeito e atual deputado federal, Paulo Alexandre Barbosa, também estiveram no local.

O velório contou, ainda, com a presença de famosos, como Mano Brown, Milton Neves e Supla. Também estiveram por lá alguns técnicos, atletas e ex-atletas Entre eles: Abel, Aranha, Danielle Zangrando, Emerson Sheik, Marcelinho Carioca, Neto, Odair Hellmann, Paulo Roberto Falcão e Zé Roberto.

Por fim, dirigentes de clubes e federações de futebol também fizeram suas homenagens no local. Nomes como Alejandro Domínguez (presidente da Conmebol), Ednaldo Rodrigues (presidente da CBF), Emilio Butragueño (vice-presidente do Real Madrid), Giovanni Vincenzo Infantino (presidente da Fifa), Julio Casares (presidente do SPFC), Reinaldo Carneiro Bastos (presidente da Federação Paulista de Futebol) e Tarso Gouveia (vice-presidente do Palmeiras) foram até à Vila Belmiro para um último adeus ao Rei.

O velório foi encerrado para o público na terça-feira, dia 3 de janeiro. Então, o caixão foi coberto pela bandeira do Brasil e deixou a Vila Belmiro por volta das 10h25, em um cortejo feito em um carro do Corpo de Bombeiros.

O trajeto seguiu pelo Canal 2, passando pela orla da praia de Santos até o Canal 6. Durante o caminho, a homenagem reuniu admiradores que, emocionados, se despediam do Rei que eternizou a cidade para o mundo. O cortejo passou, ainda, pela casa da mãe do Rei, a Dona Celeste, de 100 anos.

De lá, o corpo de Pelé seguiu para o cemitério Memorial Necrópole Ecumênica, próximo da Vila Belmiro. O sepultamento aconteceu por volta das 14h em um mausoléu do local. O espaço será aberto ao público no futuro, sem previsão de data.

Homenagem de Santos ao Rei do Futebol

Pelé não nasceu em Santos, mas sua ligação com a cidade é tão forte que, às vezes, até esquecemos disso. A cidade respira o craque, que está presente em dezenas de referências pelas ruas, bairros e instalações.

O Museu Pelé é visita obrigatória para todo fã do ex-jogador e do esporte. Além disso, Santos também imortalizou o craque em monumentos especiais. Logo na entrada da cidade, existe um viaduto denominado Rei do Futebol e um monumento em formato de camisa do Santos FC no entorno. A obra traz o nome e o número 10 imortalizados por Pelé.

Outra obra famosa é a estátua do atleta dando um soco no ar, que fica em frente à Padaria Santista, na Av. Almirante Cochrane. A Praça Nossa Senhora do Carmo, na Ponta da Praia, é conhecida como “praça do Pelé” pelos moradores. Isso porque o Rei morou por muitos anos em uma casa neste endereço, que não existe mais.

O bairro também abriga a mais recente homenagem ao Rei na cidade. O mural do artista mundialmente conhecido Kobra celebra o coração santista com destaque para o Pelé na fachada do Centro de Atividades Turísticas, em frente ao Mercado de Peixes (Praça Gago Coutinho s/nº).

A Prefeitura de Santos ainda quer instalar um novo monumento na orla da praia em homenagem a Pelé. Para isso, será lançado um edital internacional para selecionar projetos para a criação do mesmo. O concurso vai reunir arquitetos e artistas para desenvolver a obra, trazendo mais um símbolo do Rei pra cidade.

Tudo isso demonstra a influência e importância que o Rei do futebol tem em Santos. Ele levou o nome da nossa cidade para todo o mundo e escolheu fazer dela sua última moradia. Edson se foi, mas Pelé é eterno. E seguirá vivo enquanto seu legado for referência para tantos futuros craques pelo mundo. Descanse em paz, Rei!