Texto porVictória Silva
Jornalista, Santos

Caipirinha: um drink nascido em Santos

Cachaça, limão, gelo e açúcar se misturam no drink mais famoso do Brasil. A caipirinha se tornou figura indispensável nos dias de calor, seja na orla santista ou entre grupos de amigos com no mínimo um brasileiro.

Mas, você já parou para pensar o porquê desse nome? Sabia que Santos é a terra da caipirinha? Isso mesmo, foi aqui que o drink conhecido mundialmente como ícone brasileiro começou sua história.

caipirinha-made-in-santos

Pesquisas afirmam que a bebida foi criada no fim da década de 50, quando os refrigeradores chegaram ao Brasil e aumentaram a oferta dos cubos de gelo, que ficaram acessíveis a todos.

A ligação com Santos se dá por um fato simples: o primeiro engenho de açúcar brasileiro ficava aqui, no Morro da Nova Cintra. E, para ter cachaça, é preciso ter cana de açúcar.

Leia também: 
A caipirinha é a cara do Brasil
Drinques de verão

A pinga que produzíamos era artesanal, não indicada para a produção do drink – pelo aroma e sabor do bálsamo em que é envelhecida – mas, engarrafados como Três Fazendas, Tatuzinho, Pirassununga, Velho Barreiro e Pitu eram distribuídos.

As marcas industriais eram conhecidas como cachaça caipira, por virem da região de Piracicaba. Já dá pra fazer uma ligação com o nome da caipirinha, né?

A difusão da bebida pode ser explicada com base no fator cultural. Neste período, década de 50/60, a cidade era o local perfeito para a disseminação de novas marcas. Era aqui que viviam figuras ilustres como Gilberto Mendes, Pagu, Plinio Marcos, Mario Covas e o Santos Futebol Clube, de Pelé. Não demorou para a caipirinha sair dos becos e chegar a estabelecimentos sofisticados como A Balneária, Boa Vista, Olympia e Gáudio.

Fora de Santos

Segundo história exposta no livro A Terra da Caipirinha, um universitário santista foi para uma pingada em Piracicaba, em meados de 1975. Ao chegar, pediu uma caipirinha, fato que ofendeu os locais, que achar ser uma referencia às garotas ali presentes.

Após explicar do que falava, o dono do estabelecimento o ofereceu uma batida de limão e o garoto percebeu que ali as pessoas ainda não conheciam a bebida.

No Brasil

Apesar de estar presentes em estabelecimentos da classe A santista, o mesmo não acontecia fora do litoral paulista. Foi também em 1975 que o status da bebida mudou, por conta uma campanha do Rum Bacardi. A Caipiríssima trocava a cachaça por rum. A partir daí, a nossa bebida conterrânea entrou em ambientes em que a cachaça não era bem-vinda.

Ai tornou-se preferência dos consumidores entre rum, cachaça ou vodka.

*Com informações do livro A Terra da Caipirinha, do pesquisador e caipirólogo Marco Antonio Batan, disponível na íntegra no site da Fundação Arquivo e Memória de Santos – FAMS.