Rolê aleatório: Murilo Lima, o santista que comandou o Capital Inicial
Nos anos 1990, antes do famoso Acústico MTV, um cara de Santos assumiu o microfone de uma das maiores bandas do país
Já ouviu falar sobre um vocalista santista, frontman de uma grande banda do rock nacional que marcou gerações? Não, não estamos falando do Chorão dessa vez!

O protagonista da história é Murilo Lima, o santista que assumiu os vocais do Capital Inicial entre 1993 e 1998. Nesse período, ele manteve viva uma das bandas mais importantes do país. E a tarefa não foi nada fácil.
A saída de Dinho do Capital Inicial e a chegada de Murilo Lima
Em 1993, Dinho Ouro Preto decidiu se afastar do Capital Inicial. Depois de anos à frente da banda desde a adolescência, queria explorar outros caminhos sonoros. O som do grupo já parecia acomodado e ele buscava algo mais agressivo, mais visceral.
Assim nasceu o Vertigo, projeto paralelo que Dinho criou ao lado dos músicos Kuaker, Mingau e Arnaldo Rogano. No entanto, o Capital precisava de um novo frontman rapidamente.
A era Murilo: rock alternativo e atitude
Foi aí que entrou nosso conterrâneo Murilo Lima. A proposta era renovar sem perder a essência. O Capital abraçou uma sonoridade mais crua, flertando com o rock alternativo que dominava as paradas naquela época. O resultado foi o álbum independente “Rua 47”, com composições mais densas e reflexivas.

Murilo rodou o Brasil inteiro com a banda nesse período. Foram aproximadamente 250 apresentações espalhadas pelo país. E não era só muito show em quantidade: o cara soube imprimir sua personalidade no palco, trazendo frescor para um grupo que poderia ter naufragado após a saída de seu líder carismático.
O trabalho funcionou. Mesmo tocando de forma independente, sem grandes estruturas de gravadora, a banda conseguiu vender mais de 50 mil cópias do disco ao vivo, o que foi um feito e tanto para aquele mercado.
“A gente estava ralando por conta própria, mas o público respondeu”, lembra Lima em entrevista.
Se o álbum despertou a sua curiosidade, infelizmente Rua 47 não está disponível nas plataformas de streaming. Há apenas uma versão de baixa qualidade no YouTube.
O retorno de Dinho e o fim de um ciclo
Mas nem tudo são rosas no mundo do rock. Questões pessoais entre integrantes e mudanças constantes na formação começaram a desestabilizar o grupo na nova formação. Foi quando apareceu a possibilidade do retorno de Dinho Ouro Preto, intermediada por um empresário paranaense.
A situação foi delicada. Murilo deixou claro que se os músicos fossem nessa reunião com o empresário, ele sairia fora. E foi exatamente o que aconteceu.

Dinho voltou oficialmente em 1998 e o resto é história. O “Acústico MTV” de 2000 catapultou a banda de vez pro estrelato absoluto, com sucessos que tocam até hoje em qualquer barzinho que se preze.
Sem treta, só respeito
Apesar da troca conturbada, Lima faz questão de deixar claro que nunca houve rivalidade pessoal com Dinho.
“Nunca fomos chegados, mas sempre nos respeitamos mutuamente. Ele inclusive é super amigo do meu irmão. Foi tudo tranquilo nesse sentido”, explica.
Com o tempo, as relações se normalizaram. Murilo até acompanhou os ensaios do icônico “Acústico MTV” e retomou a amizade com os músicos da banda. Porém, em mais de duas décadas, nunca recebeu um convite para subir ao palco com o Capital numa participação especial.
O legado
Hoje, Murilo olha pra trás e enxerga aqueles cinco anos como fundamentais na sua trajetória e na história da banda.
“Foi intenso, deu uma sobrevida importante pro Capital e me abriu muitas portas. No fim das contas, não teve treta real, foi mais um mal-entendido de momento”.
E Santos pode se orgulhar, enquanto o Chorão eternizou nossa cidade no skate punk dos anos 1990 e 2000, Murilo Lima também deixou sua marca no rock brasileiro, provando que a Baixada Santista sempre teve talento de sobra pra exportar.
Murilo Lima segue cantando na noite santista e você já deve ter cruzado com ele por aí em algum rolê.