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A história de Timbó, o leão da Vila Sônia

Você sabia que já existiu um leão morando em uma chácara em Praia Grande? Não era um leão marinho, não. (Sim, existiu um leão marinho, mas essa vamos deixar pra contar outro dia…). Pois é, a cidade guarda em sua história um episódio curioso e controverso: o caso de Timbó, o leão da Vila Sônia.

Descobrimos essa história no livro digital Aconteceu em Praia Grande – Vol I, de Cláudio Sterque. Escrito em 2021, o ebook traz, em 15 capítulos, curiosidades famosas e anônimas de coisas que rolaram lá. E um deles é dedicado ao leão Timbó.

www.juicysantos.com.br - leão de praia grande timbóFernando Feijó/Acervo de Cláudio Sterque

Porém, o que parecia ser uma história curiosa levanta sérias questões sobre bem-estar animal e a legislação brasileira. Manter animais silvestres em residências particulares, especialmente grandes felinos como leões, é crime ambiental no Brasil.

De acordo com a Lei de Crimes Ambientais (Lei 9.605/98), maus-tratos a animais podem resultar em pena de detenção de três meses a um ano, além de multa. Em 2020, a Lei 14.064 aumentou a pena para reclusão de 2 a 5 anos, multa e proibição da guarda quando se tratar de cão ou gato.

Tinha um leão na Vila Sônia

Mas e onde fica o bairro Vila Sônia? Segundo a Prefeitura de Praia Grande, seus limites estão entre “o polígono formado pelos eixos das seguintes vias/divisas e seus respectivos prolongamentos quando existentes: Avenida do Trabalhador, Rua Sérgio Gregório, divisa do loteamento Vila Sônia 2ª gleba, divisa intermunicipal Praia Grande/São Vicente, Rio Guaramar e Canal Guaramar”. 

www.juicysantos.com.br - leão de praia grande timbó

Na década de 1970, moradores do bairro ficaram surpresos ao descobrir que um de seus vizinhos mantinha um leão africano em casa como animal de estimação.

Entre os anos 1950 e 70, era muito comum os circos passarem pelas pequenas cidades brasileiras. E eles ainda tinham como atração os animais ditos “selvagens”, como leões e tigres. E, como dá para supor, era bem difícil e caro alimentar essses bichos.

O felino da Praia Grande

Timbó foi resgatado pelo dono de um restaurante de São Vicente aos 10 meses de idade. Vivia em situação deplorável em um circo que estava na região. O homem resolveu levá-lo para sua chácara em Praia Grande e o colocou em uma cocheira de cavalos. Segundo Sterque em seu livro, os habitantes de Praia Grande achavam estranho, mas já estavam acostumados, com os rugidos de Timbó.

Em meados dos anos 1990, ao decidir vender a propriedade, o “dono” de Timbó colocou como condição que pudesse manter lá o animal e continuar alimentando-o até que ele fosse para um abrigo. Só que o “cuidador” teve sua entrada proibida na chácara. Sem comida, Timbó emagreceu muito. O tutor denunciou os maus tratos para as autoridades e imprensa. A Justiça, então, determinou que o leão da Vila Sônia fosse transferido para um local adequado.

www.juicysantos.com.br - leão de praia grande timbó leão da vila sôniaAcervo de Cláudio Sterque/Historiador PG

Vale lembrar: mesmo que o animal pareça bem cuidado, privá-lo de seu habitat natural e impor uma vida em cativeiro inadequado significa maus tratos. Os animais silvestres têm necessidades específicas que dificilmente podem ser atendidas em um ambiente doméstico. Ainda mais tão diferente de seus habitats de origem.

O caso do leão da Vila Sônia, embora tenha ocorrido há décadas, serve como alerta para a importância da conscientização sobre a posse responsável de animais. Atualmente, a legislação é mais rigorosa e a fiscalização mais presente, mas ainda existem casos de animais exóticos ilegalmente vivendo em residências muito perto de nós.

O destino de Timbó

Após seu resgate, nos anos 1990, o leão da Vila Sônia seguiu para um santuário de animais no interior de São Paulo.

A história de Timbó hoje vive na memória dos moradores de Praia Grande mais antigos. Embora tenha sido um episódio peculiar da cidade, serve como lembrete da responsabilidade que temos em proteger e respeitar todos os seres vivos, garantindo que animais silvestres permaneçam em seus habitats naturais, onde podem viver plenamente na natureza.

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