Volta ao mundo em 365 dias com Camilla Albani
O tom avermelhado da pele, somado ao olhar – que explora os detalhes da cidade – dá a entender que a mulher que atravessa a Avenida Ana Costa, no Gonzaga, é apenas mais uma turista que vem à Baixada Santista pela primeira vez.
Julgamento equivocado.
Camilla Albani é, sim, uma turista, mas também uma caiçara que, aos 35 anos de idade, cortou as raízes para, finalmente, criar asas.
Assim que levantou voo pela primeira vez, tirou a areia dos pés e guardou as boas lembranças em sua memória. Afinal, ficaria 12 meses sem ouvir o som das ondas batendo contra o quebra-mar.
Ela arrumou as malas e, sozinha, foi dar uma volta ao mundo em 365 dias.
O Juicy Santos conversou com a Camilla logo no início da viagem, quando ela nos contou qual foi sua motivação para cruzar o mapa mundi. Agora, entre xícaras de café made in Brazil, ela compartilhou as impressões que ficaram ao aterrissar em casa.
“Foi uma experiência incrível, estive em 21 países e 96 cidades nos últimos 12 meses. Pude conhecer novas culturas e quebrar preconceitos também”, conta.
Em seu passaporte, carimbos de países como Nova Zelândia, Vietnã, Japão e Laos, Cambodja e Namíbia são apenas alguns, em meio ao arco-íris que as páginas formam. Dentre eles, alguns ganham destaque pela beleza, costumes totalmente diferentes ou dificuldades encontradas.
O primeiro citado, por exemplo, a encantou por conta das paisagens e hospitalidade. Já a Terra do Sol Nascente ficou na lembrança como bonita, mas não tão encantadora.
“Eu sou muito comilona e não consegui me adaptar à culinária local, a comida japonesa deles é diferente da nossa”, diz, entre risos.
Uma cama a cada noite
Depois da família e dos amigos (e da culinária), uma das coisas que mais fizeram falta para a Camilla foi o aconchego de um lar. Durante toda a viagem, ficou hospedade em hostels, esquema de Air BnB e, raras vezes, em hotéis.
“Às vezes, sentia falta de ter um sofá para deitar e ver TV, por exemplo”.
Foram esses momentos que a ensinaram uma das lições que ela trouxe para casa: às vezes, tudo bem ficar sem fazer nada. Os momentos sabáticos eram, normalmente, com conversas com os companheiros de quartos, uma bebida do local e boas risadas (nada mal, né?).
Outro aprendizado que a aventura rendeu: você precisa se trabalhar, dentro de você, o tempo inteiro.
“Digo isso por que se você não se sente feliz onde está. Não adianta ir para o outro lado do mundo, vai continuar se sentindo mal. Às vezes, a gente cria uma ilusão de que viajar é o antídoto dos problemas e não é bem assim, acredito que quem está bem se sente feliz em qualquer lugar.”
Mochilar de volta para casa
Em todas as experiências vividas, um companheiro permanente foi o mochilão de 70 litros apelidado, por sua dona, de “Casa”.
Apesar de carrega-lo para todos os cantos, Camilla diz só ter entendido o que é ser um mochileiro quando chegou à Ásia. A conclusão se dá pelo fato de os países anteriores (USA, Australia e Nova Zelândia) serem nativos da língua inglesa ou terem uma fácil comunicação na mesma.
A partir daí, a santista se tornou oficialmente uma mochileira e, no trajeto, rolou até acampamento e safári.
“Quando visitei a África, fiz um safari de 25 dias e, nesse período, conheci 5 países. A viagem era em grupo e com uma equipe local, muitos lugares que fomos eu não teria como ir sozinha”, lembra.
Com a mochila aposentada e o guarda-roupa completo voltando à ativa, a viajante diz que precisou de alguns dias para se adaptar à vida normal. Afinal de contas, em casa ela não precisa se preocupar com o local em que vai dormir ou comer.
“O corpo e a mente não chegam juntos”.
Quer fazer a volta ao mundo em 1 ano?
Assim que corpo e mente fizeram check-in em território caiçara, os amigos, conhecidos e pessoas que ficaram sabendo da volta ao mundo em 365 dias começaram a questionar Camilla se a experiência vale a pena, pedir conselhos sobre como fazer algo similar e perguntar se ela faria novamente.
“Não tenho dúvidas que sim, só mudaria o roteiro com base na primeira viagem e iria para menos países, para ficar mais tempo em cada um”.
Quanto aos conselhos: planejamento é a base de tudo. Além de passar meses pesquisando antes de viajar, Camilla tinha um pré-orçamento para cada cidade que passou, ou seja, valores diferentes para cada local.
“Não tem como estipular um valor por dia. O custo de vida no Japão não é o mesmo da África, por exemplo”, explica.
Quando questionada sobre o valor financeiro necessário para a aventura, ela garante que não é nada tão assustador quanto muitas pessoas pensam. Inclusive, dá pra gastar bem menos do que ela, basta se planejar de acordo com as possibilidades.
“Eu diria que é o preço de um carro mais arrumado”.
Por fim, Camilla considera que todas essas experiências a transformaram em uma nova mulher.
“A Camilla que embarcou não é a mesma que desfez as malas”, afirma.
Talvez a impressão de que essa é a sua primeira vista à Baixada Santista não seja tão equivocada, então. Os olhos que desvendam a cidade têm, agora, outra bagagem.
Você pode descobrir detalhes da volta ao mundo em 365 dias no blog Asas e Raízes, no qual a santista detalhou o dia-a-dia dessa aventura. Apesar de estar de volta ao Brasil, as publicações continuam na ativa e representam um guia incrível para quem quer viajar pelo mundo.