Vai um cafézinho?
Os primeiros raios de sol ainda não iluminam a cidade, quando dona Márcia Cristina (56 anos) risca o fósforo para acender o fogão. Em seguida, ela abre as cortinas da cozinha para ver como será o clima do dia, fator importante no trabalho que tem em seguida.
Em dias de calor, são duas panelas d’água no fogo e, quando as temperaturas caem, também usa uma leiteira.
A vizinhança desperta com o aroma do café – e, às vezes, de bolo – que, mais tarde, irá os recepcionar na chegada a Santos.
Um carrinho de feira abriga os copos descartáveis, um potinho com açúcar, colheres e as garrafas térmicas e dona Márcia embarca na primeira barquinha, com destino à Ponte Edgard Perdigão, na Ponta da Praia.
Assim que chega ao local de desembarque, ela dispõe as garrafas no banco, senta ao lado dos produtos e começa sua rotina diária: vender café aos passageiros que chegam ao local.
“Nossa, eu conheço todo mundo que passa por aqui. Quando é alguém que está indo conhecer a nossa região, eu sei só de olhar. Não podia ser diferente, faço isso há 12 anos”, comenta.
A popularidade é visível: não há quem passe sem dar bom dia a ela. Um número considerável de pessoas para e pede o café, antes de seguir, com pressa, para os compromissos do dia.
Mas, para Márcia Cristina, o movimento caiu nos últimos anos, resultado do aumento no valor dos barcos de pesca.
Segundo ela, há cerca de cinco anos era fácil vender sanduíches naturais, pão com manteiga e outros itens, já que os pescadores chegavam cedo ao local. Nos dias atuais, o maior movimento acontece nos finais de semana, quando turistas embarcam nas escunas.
“Antes eu conseguia ajudar em casa, hoje em dia venho mesmo para passar o tempo e refrescar a mente. Minhas duas filhas saem para trabalhar e não gosto de ficar sozinha”, finaliza.
E o dia continua assim, até que as garrafas fiquem vazias e o sol esteja no meio do céu. A cada pessoa que chega, ela pergunta: vai um cafezinho?.