Santista Nicolas Fagundes é destaque no muay thai
A caminhada é longa.
Todos os dias, o percurso entre a Zona Noroeste e o Marapé consiste em longas pedaladas. Assim que chega ao seu destino, começa o trabalho de verdade.
Duas horas de treino pela manhã. Descanso. Mais duas horas de treino à tarde.
Não dá tempo de voltar para casa no intervalo pedalando novamente e, por isso, ele passa o dia na casa de seu técnico, que fica próxima à academia. Quando chega em casa, cansado, quer apenas comer e dormir.
Bem-vindo à rotina de Nicolas Fagundes. Esse santista de 18 anos vem se destacando no universo do muay thai.
“Eu tinha 14 anos quando comecei a praticar o esporte. Uns meninos da minha rua me chamaram e nós começamos a treinar. Gostei muito, tanto é que todos eles pararam e eu continuei sozinho”, lembra.
A diversão da tarde entre amigos virou coisa séria. Em menos de um ano, ele já estava participando de competições. Atualmente, são 27 lutas, das quais 5 são como profissional – categoria da qual faz parte desde o ano passado.
Apesar do pouco tempo atuando na elite da modalidade, Nicolas já é considerado um dos melhores atletas do país. No início de 2017, passou na seleção do evento Epic Muaythai e já levou a melhor na primeira de três etapas.
“É muita correria. Tem que treinar muito. Acho que é só isso que define os meus dias”, comenta.
Mudanças no esporte
Em meio a tanto dedicação, o santista viu o esporte se popularizar e ganhar visibilidade, fato que atribui ao estudo de vários adeptos da modalidade, que viajaram à Tailândia (onde o esporte tem tradição) para treinar e aprender novas técnicas.
Esse é, inclusive, o sonho do Nicolas. Sua participação e vitória no Thai Kids rendeu, como prêmio, treinos e alojamento no país asiático. A viagem seria feita no início do ano, mas o valor das passagens o fez adiar a partida para o fim de 2017.
“Preciso juntar o dinheiro e comprar as passagens com antecedência, assim fica mais em conta”.
Agora, a ideia é fazer um estudo mais intenso, com passagem de ida em mãos e ficar ao menos um ano por lá.
“Treinar atleta é difícil, nós não temos garantia de retorno: não tem patrocínio de ninguém e nem apoio. Mas vale o esforço, eu estou com o Nicolas desde que ele começou e ele é muito dedicado, é um menino diferenciado. Eu me emociono de acompanhar a jornada. Tenho certeza de que ele tem um futuro lindo pela frente”, declara Ênio Alves, seu treinador.
Enquanto pedala rumo ao sonho de ser reconhecido por sua atuação no muay thai, Nicolas se divide entre os treinos e aulas em uma academia, atividade que iniciou neste ano.
Em ambos momentos, ele entrega o seu melhor e, nos raros momentos fora dos ringues, corre atrás de patrocínios e apoios para continuar fazendo bonito no esporte.