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Santos e a febre amarela: você conhece essa história?

Esse post não é sobre a febre amarela em Santos em 2018. Como nós já falamos aqui no site, em tempos recentes, houve um caso divulgado pela Prefeitura de Santos.

A história de Santos e a febre amarela existe e não é nova. Há registros que falam sobre febre amarela e varíola em Santos em 1850.

Segundo o Center for Disease Control (CDC), há registros dessa patologia que datam de mais de 3 mil anos atrás.

Aqui no Brasil, a doença apareceu no final do século 17, com a vinda dos primeiros escravos africanos. Os primeiros locais afetados estavam no Nordeste do país, lá pelos anos de 1686, em Pernambuco e na Bahia. Em meados do século 19, chegou à capital do império brasileiro à época, Rio de Janeiro, e não demorou para alcançar o estado de São Paulo, especificamente Santos.

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Os sintomas da febre amarela têm início como uma gripe comum, com dores de cabeça, febre, dores musculares, náusea e vômitos. Mas cerca de 15% dos pacientes progridem até a forma mais grave, com febres altíssimas, sangramentos internos, convulsões, choque anafilático, falência de órgãos e, por fim, a morte. Mais de metade das pessoas que contraem febre amarela vão a óbito.

A primeira morte por febre amarela em Santos foi registrada em 1850.

A partir desse momento, a doença se tornou uma epidemia na cidade. Segundo registros, houve meses em que o número de vítimas passou de 600. Até o fim da epidemia, METADE da população da época morreu por conta da doença.

Para se ter uma ideia, eram tantas mortes que as igrejas, que tradicionalmente realizavam o sepultamento dos mortos, pararam de realiza-los. Como justificativa, disseram que a demanda era impossível de ser atendida e o odor que ficava nos templos não podia ser suportado pelos frequentadores.

www.juicysantos.com.br - febre amarela em santos século XIX

Os números resultavam de um cenário desolador da Santos daquela época.

Um pouco de história

No período colonial, o município viveu um período de crescimento acelerado e intenso e, como consequência, a população teve um grande aumento, o que resultou em uma situação sanitária precária: o esgoto se misturava com a água das chuvas em tubulações feitas de barro.

Ou seja, aquele ambiente perfeito para os mosquitos infectados viverem felizes.

Além da febre amarela, doenças como cólera, leptospirose, varíola, tétano, coqueluche, peste bubônica e tuberculose eram bem comuns por aqui.

Busca por soluções

As epidemias afetaram a economia local. Afinal de contas, quem iria querer importar ou exportar de um porto rodeado de tantas doenças? Por isso, não demorou para o saneamento da cidade começar a ser planejado.

Em 1870, a primeira ação foi tomada: trazer água da Serra do Mar para a cidade.

Mas o plano não deu certo e, em 1881, surgiram o Serviço Sanitário do Estado e a Comissão de Saneamento. A primeira missão dos órgãos: agir em Santos. É aí que começa a história dos canais e a criação das docas do Porto de Santos.

Só que nem tudo transcorreu facilmente. Antes de chegarmos às construções hoje icônicas que dividem a cidade, vários engenheiros foram contratados. A enorme lista teve Estevan Antonio Fuertes, Ignácio Wallace da Gama Cochrane e Alfredo Lisboa. Depois de tantos fracassos, a Comissão de Saneamento deixou de existir.

Só em 1905, Saturnino de Brito – um dos grandes nomes do saneamento brasileiro – entra nessa história. Em 1907, surge o primeiro dos canais da cidade, o Canal 1, além de emissários e outros equipamentos.

www.juicysantos.com.br - febre amarela em santos sp no século 19

Os próximos 5 canais foram entregues no decorrer de 20 anos.

Além disso, várias medidas e melhorias foram tomadas no Porto de Santos. Dentre elas, destacam-se a reforma conduzida no local e a proibição de marinheiros infectados com as doenças desembarcarem na cidade.

O assunto ganhou matérias nos principais jornais de todo o mundo.

www.juicysantos.com.br - mapa dos canais saturnino de brito

Resultados

Com a diminuição dos mosquitos, que não tinham um ambiente tão propício para viver e a criação do Instituto Butantã em São Paulo, com Oswaldo Cruz como diretor técnico (que apostava em medidas profiláticas para o controle da febre amarela, como a caça ao Aedes Aegypti), o número de casos diminuiu gradativamente.

É importante ressaltar que os casos atuais de febre amarela são considerados febre amarela silvestre, ou seja, são transmitidos pelos mosquitos Haemagogus e Sabethes (que circulam apenas em matas), 

Em 1928, a doença ressurge em outras cidades brasileiras e na África, momento em que foram feitas novas descobertas sobre seu ciclo.

Ainda de acordo com o CDC, nos anos 1930, cientistas desenvolveram as primeiras vacinas e, na década seguinte, os governos apostaram na vacinação em massa da população contra a febre amarela.

*Com informações do portal Memória de Santos, Novo Milênio, Universidade Estadual de São Paulo (Unesp), Center for Disease Control (EUA) e o artigo Histórico da febre amarela no Brasil e a importância da vacinação antiamarílica.

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Jornalista,