Os destroços do Navio Recreio
Quem já foi à praia de Santos em dias de maré baixa deve ter reparado.
O recuo do mar fica tão grande que, na Ponta da Praia, muita gente descobre uma história que vive na memória de muitos santistas: os destroços do Navio Recreio.
Para a galera que já passou dos 50 anos, o fato não é novidade, mas muita gente não conhece o caso e nem imagina que os restos de um navio vivam ali na direção do Posto 7.
Por isso, num desses sábados de baixa (mais especificamente no dia 12 de agosto de 2017), muitos curiosos paravam para olhar, perguntavam a outros banhistas e tentavam descobrir do que se tratava.
Imagem: Igor Betelli Pereira/Coisas de Santos
A história por trás dos destroços do Navio Recreio
Anteriormente conhecida como Carl Hoepcke, a embarcação passou por uma reforma (após um incêndio que atingiu parte da estrutura) e foi reinaugurada em agosto de 1970 com o nome de Navio Recreio. A proposta era que fosse um restaurante/bar flutuante. Tratava-se do único navio de diversões do continente, com direito a salões de festa, palco para shows, pistas de dança e uma piscina.
Em 1971, a embarcação catarinense ficou atracada na Praia do Góes, onde aconteceu uma festa de Réveillon e, posteriormente, outras comemorações. Segundo publicações da época, ele tinha permissão para fundear à entrada da Barra, mas não possuía os motores e sua movimentação era feita por meio de rebocadores.
As festas eram movimentadas e todos queriam conhecer o tal navio. Até que uma tempestade aconteceu no dia 26 de fevereiro de 1971. A agitação da maré foi responsável por soltar o navio e encalha-lo, a pouco mais de 100 metros da areia da praia.
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Por que os destroços ainda estão na praia?
Desde o ocorrido, a Prefeitura de Santos trabalha na remoção da ferragem do Recreio. Os trabalhos, no entanto, dependem da baixa da maré e de vários trâmites burocráticos. Em 2006, mais de 5 mil quilos do material, inclusive o velho leme, haviam sido retirados (essa foi a última vez que a Secretaria de Meio Ambiente trabalhou no local).
Por outro lado, o Instituto Carl Hoepcke – que leva o nome do primeiro proprietário da embarcação – tem a esperança de levar uma ou duas peças da embarcação, como disse o superintendente em entrevista ao jornal A Tribuna, também em 2006.
“Esse talvez seja o barco mais importante da Companhia Nacional de Navegação Hoepcke (CNNH). A embarcação faz parte da memória do povo catarinense, não queremos que ele seja vendido como sucata. Pelo contrário, nosso objetivo é expor parte do navio e contar essa história”, explicou.
E não é perigoso?
Imagem: Igor Betelli Pereira/Coisas de Santos
Os destroços do Navio Recreio ficam isolados por fitas de segurança. No entanto, o “esqueleto” visto no último final de semana estão totalmente enferrujados, o que alerta para possíveis danos para a balneabilidade da praia.
Em 2015, a Prefeitura de Santos deu início a uma pesquisa a respeito da possibilidade de definir a retirada ou não dos restos do navio.
Até o momento, sempre que a maré fica baixa, a história se repete.
Aqui estão algumas fotos do navio Recreio encalhado nas areias de Santos.
Caso você não tenha ido a praia e tenha ficado curioso por mais detalhes, dá uma olhada nesse vídeo