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Cidade Junina: você lembra desse arraial em plena praia de Santos?

Eu sei que é junho, canta o Alceu Valença.

Tempo de festas juninas.

Lá no Nordeste, chamam “São João”.

Aqui nestes lados caiçaras, falamos mais “quermesse”.

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É bem verdade – embora o negacionistas tentem impor o contrário – que enfrentamos uma pandemia e, embora por vezes não pareça, o isolamento social ainda se faz imprescindível, para evitarmos um caos ainda maior.

De modo que os festejos juninos em 2020 tiveram de se reinventar.

Mas não é de inovações que falaremos aqui.

Porque esta coluna trata de invenções de outrora. A nostalgia santista pura e simples.

Uma delas tem a ver com a época.

Um arraial – ou arraiá, para sermos mais genuínos – em plena praia de Santos já tivemos.

Mais precisamente, na Praia do Gonzaga.

Lembra da Cidade Junina?

O evento Cidade Junina ocorreu, numa primeira fase, entre meados dos anos 1950 e início dos anos 1970. Na Santos dos anos 1990, a Cidade Junina renasceu.

Apesar do nome, os festejos se davam em julho – para aproveitar as férias escolares, e, portanto, atrair turistas.

Como julho é inverno e o frio pouco dá praia, a praia dava quermesse.

Movimento da Cidade Junina na Praia do Gonzaga, à noite: diversão garantida.
Foto de Tadeu Nascimento/Acervo Prefeitura de Santos

A Cidade Junina foi a precursora da atual Festa Inverno – que já se chamou Inverno Quente.

Mas o arraiá na praia foi tão marcante para a história de Santos que tem muita gente da geração que prioritariamente tem de ficar em casa na pandemia que ainda deixa escapar um “vamos à Cidade Junina”, quando quer se referir à atual Festa Inverno.

Mais que uma quermesse

A Cidade Junina era mais que um festival de comidinhas e bebidinhas típicas do período e da estação, animado por shows.

Sim, tinha tudo isso que tem hoje, entretanto havia também toda uma cenografia de vila caipira ambientando a festa: igrejinha, largo da matriz, casinhas coloniais ao redor…

Tinha dança de quadrilha também.

Era, enfim, uma festa temática rigorosamente caracterizada.

Por isso, não é exagero dizer se tratar de um arraiá em plena praia de Santos.

Na Santos dos anos 1990, a Cidade Junina reviveu o apogeu da Cidade Junina dos anos 60.

Na segunda metade da década de 90, migrou para o Emissário Submarino. Mudaram o nome também, para Inverno Quente. Aquele aspecto cinematográfico de arraial se perdeu no caminho.

O arraiá armado na Praia do Gonzaga. Foto de Tadeu Nascimento/Acervo Prefeitura de Santos

Hoje, e já há algum tempo, está bem abrigada na Arena Santos. Tem comida boa e, como antes, mantém as barracas operadas por entidades assistenciais – representando para elas uma importante fonte de renda para o trabalho nobre que desenvolvem o ano inteiro. Uma feirinha de economia criativa é outra atração, além dos shows musicais.

Poderia, porém, ano que vem, pós-pandemia, ressurgir resgatando a caracterização artística temática.

Um tom lúdico que tornaria a festa ainda mais quente.

*A coluna Santos90, dedicada a resgatar a memória da cidade e da região na década mais divertida do século XX, tem autoria de Wagner de Alcântara Aragão, em colaboração para o Juicy Santos.

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