Chorão Skate Park e o meu adeus
Era o ano de 2005, por volta de julho. Depois de uns bons anos em conversa o Chorão finalmente marcou uma reunião comigo. As coisas estavam andando, começavam a engrenar. O CBJR estava com a formação nova e eu estava responsável por fazer aquele novo site da banda acontecer. Precisávamos nos reunir e o Chorão marcou uma reunião lá no Skate Park.
Entrei, pela primeira vez um galpão cheio de curvas sinuosas, bruto, milimetricamente pensado. Poltronas grafitadas por artistas de Santos fizeram meus olhos brilharem.
Aquilo era uma espécie de cápsula do tempo e do espaço do Alexandre. Realmente perdia-se a noção do tempo. Na primeira reunião fui recebida num local com mesa, divisórias, não muito diferente de um escritório qualquer. Na segunda reunião, as coisas já estavam menos formais. Sem mesas, nos reunimos com a banda numa espécie de ante-sala onde mostramos o trabalho que havíamos feito. Tudo certo, e não vou me estender. Já contei a minha história com o Chorão anteriormente nesse link.
Quando hoje soube da demolição do Skate Park, me veio um filme. Vi uma meia-dúzia de ensaios ali, nas águas límpidas de uma foz. Não vejo melhor definição para o Chorão Skate Park do que essa: ali era a nascente do rio.
Fazer reuniões de trabalho com o Chorão era observá-lo flutuando por esse rio. Em uma das reuniões que fizemos no mezanino ele interrompeu a pauta e falou que já voltava. Achei que ele ia no banheiro ou coisa do gênero e quando olhei para a frente lá estava ele flutuando sob seu skate, andando junto com a molecada que habitava a pista.
Em outras ocasiões eu chegava pontualmente e tínhamos que aguardá-lo acabar sua sessão de skate. Em cima do skate não havia tempo, e sim um amor eterno.
Após seu falecimento, resgatei um material muito antigo e publiquei no meu canal pessoal do YouTube.
Gravei isso em 2008, enquanto gravamos umas imagens de marcação para o clipe Pontes Indestrutíveis, pelo qual também fui responsável. Para quem quiser rever, o clipe está abaixo.
[bZTwKUJDU1M]
Divido aqui esses vídeos de bastidores. Arrepia um pouco.
[ZNw1YUzc18s]
[T7dcjiA3uGw]
[KTCoJ7TX6Lg]
Os ensaios também se tornaram momentos marcantes. Vi o Chorão ensaiando com a formação original depois da retomada, cantando “Ela vai voltar” e “Proibida para mim”. Foi mágico, um momento que pouca gente pode sentir.
Adeus.
Chorão. Skate Park.
Coração. Sei que parte.
Um dia no Chorão Skate Park = efervescência
Foto de Alberto Marques
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PS.: Não sei se há esperança mas o Tico Santa Cruz é um cara surpreendente. Realizador. Esperamos que ele consiga fazer que o Chorão Skate Park NÃO ENTRE para a sessão Nostalgia Santista do nosso blog.