10 CDs que compramos na Ferrs e marcaram nossas vidas
A notícia do fechamento da Ferrs deixou muita gente “com saudades do que não viveu”. A loja de discos, localizada no Gonzaga, foi uma das maiores responsáveis por refinar o gosto musical de muita gente numa era pré-Internet onde – PASME! – a melhor forma de conhecer novos sons era consultar os vendedores antenados sobre os CDs que saíam na mídia.
Às vezes, a gente esquece que existiu um mundo antes do Napster, do Kazaa e seus descendentes diretos, os serviços de streaming, como Spotify e Apple Music.
A Ferrs ainda não fechou, mas o ponto continua à venda. Resta saber se quem comprar vai continuar nesse ramo (acreditamos que não).
O blog Leva um Casaquinho, do Chico Marques, fez um post que viralizou, sobre o fechamento da Ferrs após 43 anos. A loja, na verdade, iniciou suas atividades muito tempo antes, mas foi nos anos 90/2000 que atingiu o auge da sua popularidade, com CDs e DVDs importados que lotavam as prateleiras e as vitrines.
Então, aqui no Juicy Santos, resolvemos fazer um post a quatro mãos – Ludmilla e Flávia – pra falar sobre discos que compramos na loja e que foram essenciais pra nossa formação (pessoal e musical) ao longo da nossa juventude.
Ludmilla
Minha memória musical é muito boa e a Ferrs era uma espécie de pedágio. Quando eu ia ao Gonzaga quando era criança lembro que meu pai, que era apaixonado por música passava horas ali e me deixava esperando enquanto eu fuçava todas as capas possíveis. Cresci um pouco e na fase adolescente o eixo se inverteu: eu que pedia para ir à Ferrs e claro, pedia muitos CDs de presente.
Lembrei de alguns títulos que comprei lá (e foram fatos marcantes pois eu tinha que convencer meus pais que a aquisição seria um excelente investimento).
1. Quatro por Quatro – Internacional
Quem nunca se abismou com o contraste de Always seguida por Short Dick Man? Aliás, uma das minhas músicas favoritas compostas pelo Burt Bacharach também está nesse CD, destoando completamente da qualidade do resto. Mas tudo bem, eu ainda não tinha idade para entender isso e preciso contar a verdade: comprei pelo Bon Jovi mesmo. Fi mal.
2. Ace of Base – The Sign
Esse CD quase furou de tanto que eu repeti. Fala sério, quem não se anima ao ouvir The Sign. Happy Nation e All That She Wants? Teenaging e felicidade instantânea!
3. Mariah Carey – Rainbow
Esse foi o típico CD que comprei pela capa. Ponto. Não tenho mais o que dizer sobre ele.
4. Inner Circle – Reggae Dancer
Apesar de detestar novelas, tenho quase certeza que conheci o Inner Circle por causa de Black Roses que era trilha de alguma novela que não lembro. Mas eu achava o máximo colocar o CD no Discman e sair andando por Santos. Eu tinha mudado a pouco tempo pra Santos e tinha conquistado a autonomia adolescente havia pouco tempo. Praia, liberdade de agenda, reggae. <3
Menções honrosas: Sublime – Explicit Lyrics e Spice Girls
Flávia
Meu irmão Felipe e eu fazíamos lição de casa assistindo clipes na MTV, então a Ferrs era a realização dos nossos sonhos, a oportunidade de ficar ouvindo ad eternum as músicas que a gente mais gostava. A gente até falava sobre o que faria se um dia ficássemos presos na loja durante a noite.
Pra quem gostava de um som mais ~diferente~ do que tocava no rádio, só ter o CD salvava mesmo.
A Ferrs era onde você ia com aquele dinheiro economizado da mesada ou que tinha recebido de Natal da tia, porque sempre teve os preços mais salgados entre as lojas de Santos. Mas também era lá que você encontrava os lançamentos mais recentes, importados e bootlegs de todas as bandas daquela época.
Uma das maiores felicidades da Flávia adolescente era ganhar um vale-presente da Ferrs no meu aniversário, eu me sentia RYCA!
Bom, vamos aos meus CDs favoritos que comprei lá.
5. The Smiths – Singles
No dia da minha formatura do ginásio (hoje Ensino Fundamental), minha mãe disse que me daria de presente qualquer CD da Ferrs que eu escolhesse. Eu tinha lido em alguma revista que uma das influências da minha banda favorita da época, The Cranberries, eram os Smiths.
Junte-se a isso o fato de ter ficado apaixonada pela clássica foto da capa e eu comprei um dos álbuns definitivos da adolescência de qualquer roqueiro que se preze. Sim, é apenas uma introdução à banda de Morrissey e companhia, mas caiu como uma luva pro momento que eu estava vivendo, na tenra idade de 14 anos.
6. The Cranberries – vários bootlegs
Como já falei, era minha banda do coração na época. Naquele tempo, não existia YouTube pra gente ver como eram os shows dos caras, então o jeito pra saber como era a sensação de ouvir as canções ao vivo era comprar os bootlegs (CDs meio piratas, importados da Europa ou dos EUA, com gravações de shows). O legal era que eles vinham com covers, versões diferentes dos discos e às vezes até 2 shows em um mesmo CD.
Só sei que deixei um rim naquela loja comprando TODOS os bootlegs que apareciam dos Cranberries. E ainda enchia o saco dos vendedores todo sábado perguntando se tinha coisa nova.
7 e 8. Supergrass – I Should Coco e Blur – The Great Escape
Depois que meu irmão e eu vimos o clipe de Alright, ficamos loucos atrás desse disco do Supergrass. E, claro, só tinha na Ferrs. A mesma coisa aconteceu com o CD do Blur, que trazia os hoje clássicos Charmless Man, Country House e The Universal.
Como eles eram bem caros, minha mãe falava que compraria o CD desde que a gente dividisse. E era o que acontecia: nós ficávamos horas ouvindo os 2 discos no repeat, decorando as músicas do encarte e curtindo um britpop de boa.
9. Beastie Boys – Hello Nasty
Outra banda com clipes incríveis. Eu peguei na adolescência uma fase em que os BB ficaram meio parados, aí em 98 vieram com essa porrada que foi o Hello Nasty e eu gamei.
10. Travis – The Man Who
Esse foi um dos últimos CDs que comprei lá, porque nessa época já rolava pegar as coisas no Napster. Mas estava tão encantada pelas canções do disco que queria ter o original (como se não fosse suficiente, comprei uma versão alemã, que era a que tinha na loja – ou seja, nem sei como paguei essa conta!).
Adorava folhear o encarte e as fotos de montanhas e paisagens escocesas…
E você, qual CD da Ferrs marcou sua vida? Conta pra gente!