Odinei Ribeiro e a voz de muitos sonhos
Na última semana, fui à pré-estreia do filme que conta a trajetória do narrador esportivo Odinei Ribeiro, durante o Santos Film Fest, no Cine Roxy, em Santos (SP).
Na telona, esteve refletida a caminhada do garoto de Itanhaém que narrava jogos de botão, passou pelos campos locais até chegar aos estádios e quadras pelo SporTV. A história é dele, mas poderia ser a minha. Ou a sua.
Quem gosta de esporte, na maioria dos casos, já na infância tem seu primeiro contato com ele. No Brasil, então, a preferência é, em geral, pelo futebol. Fosse jogando o finado Atari ou debruçado no chão do quarto, onde campeonatos eram realizados com extrema organização. Tabelas, regulamento, torcida…
A “transmissão” era impecável. Começava horas antes, quando um caminhãozinho de bombeiros “conduzia” os times até o “estádio”, devidamente armado, com direito a publicidade estática em torno da cancha.
Se havia amigos para desafiar, ainda melhor. Se não, problema algum. Um deles fez a estreia no meu “estádio” em 1990. Entrou e nunca mais saiu do meu campo. Na TV, olhos grudados em Galvão Bueno, Luciano do Valle, Silvio Luiz, Cleber Machado, Luiz Alfredo. Não perdia um jogo. O futebol era companhia primordial.
Odinei Ribeiro e eu
Odinei “pousou” no solo sagrado santista em 1992. Narrava um duelo na Vila Belmiro. E teve sua cabine “invadida” por Pelé.
Naquele mesmo ano, eu e esse amigo costurávamos visitas ao Museu De Vaney, no José Menino. Aquele mar de revistas Placar, a coleção obstinada de Adriano Neiva da Motta e Silva, enchia os olhos dos boleiros. De araque, porque o talento com a pelota nos pés nunca lhes sorriu de fato.
Veio a era dos bons games de futebol. E eu ia das tardes nas locadoras até a banca de jornal, à espera do número mais recente da revista sobre o esporte.
Odinei Ribeiro, enquanto isso, ia ascendendo na carreira. Por todos os ângulos que se visse, notava-se alguém dedicado, disposto a aprender. Nosso caminhos estavam ainda longe de se cruzarem, mas já corriam, a passos largos, para a profissão que nos acolheu.
Na faculdade. Odinei Ribeiro escolheu falar de Fiori Gigliotti, um dos “mooonstros” do rádio esportivo. Aguenta, coração!
Meu amigo reverenciou a De Vaney, um dos culpados desse amor esportivo. E eu, sem obrigatoriedade do TCC, fiz num documentário de rádio sobre o Santos, o meu desafio acadêmico maior. Valeu muito. Enfim, jornalistas!
As trajetórias estavam perto de se cruzarem. Aconteceu: mesmo grupo de comunicação, diferentes veículos, pautas semelhantes. Convívio e torcida mútua. Odinei explodiu: chegou ao principal canal esportivo do País. Fez Copas do Mundo, brilha com o melhor do basquete nacional.
O esporte nos une
Eu e meu amigo também. No principal jornal da Baixada Santista, colocamos em palavras textos, emoções, conquistas. O esporte sempre nos acompanhou. Agora éramos testemunhas. Aqui ou do outro lado do mundo, pouco importa. O empenho foi o mesmo.
Estamos em 2018. Circunstancialmente fora de circulação dos “meios tradicionais”. Eu e meu amigo. Mas não desistimos do jornalismo. E nem do esporte. Pois, no dia de sua consagração, Odinei lembrou com carinho da gente. Do que fizemos juntos e da torcida por tempos melhores.
O esporte ajuda a formar o caráter de uma pessoa. No nosso caso, foi além: tornou-se um fio condutor de uma bela amizade.
No link, reportagem do canal Só Esportes sobre a estreia do filme sobre Odinei Ribeiro
https://www.youtube.com/watch?v=mc5Qj0zwuUA