Incontestável: uma análise dos escolhidos de Tite para a Copa 2018
É impressionante a aura na qual Tite está envolto.
O técnico da Seleção Brasileira, quem quer que seja, geralmente é constestado até não poder mais em cada decisão tomada. Às vésperas da Copa do Mundo, pior ainda. A convocação final costuma ser um termômetro.
E foi. A favor de Tite.
Os números estão aí para qualquer um ver. Em 19 jogos, apenas uma derrota em amistoso para a Argentina. E a maioria das partidas foram pelas Eliminatórias. O bom futebol também ficou evidente, em um time que se defende e ataca com precisão.
Além disso, a troca do destempero de Dunga pelo quase tom evangelizador de Tite, misturado com um pouco de oratória eficiente, ajuda demais no convencimento. Junta-se aí uma boa pitada de trabalho, sempre dando chance a todos, e o resultado será agradável à esmagadora maioria dos paladares.
Claro que não adianta falar se não houver o que dizer. E o treinador da Seleção o faz, embora prefira se omitir em assuntos polêmicos sobre a cúpula da CBF quando questionado, algo até natural, levando em conta o cargo que ocupa.
Foto: divulgação CBF
Para não dizer que as críticas não existem, a principal talvez seja o fato de que dois dos três convocados que atuam no Brasil vestem a camisa do Corinthians (o goleiro Cássio e o lateral Fagner). O clubismo, convenhamos, também impera nessa discussão. O zagueiro Geromel, do Grêmio, carrega o peso de unânime na crônica especializada.
Ignorar Vanderlei para um dos lugares entre os convocados da Seleção Brasileira em um Mundial considero uma heresia sem tamanho. Ainda mais para um técnico que diz aos quatro ventos considerar o trabalho no clube decisivo para quem ele chama. O que ele fez ajudando o Santos a se livrar de maus resultados é para poucos.
Não que Cássio, para lembrar da comparação frequente, mostre pouco no Corinthians. Porém, parece mais instável, embora esteja voltando a bons tempos. Há quem diga que o corintiano cresça nos momentos decisivos, o que também é um fato – e importante em função do tempo curto de uma Copa, caso seja utilizado.
Aí é que está o ponto fundamental: caso seja utilizado. Vanderlei iria, fatalmente, para ser o terceiro goleiro, como deve ser a condição de Cássio, a não ser que outras circunstâncias mudem isso. Alisson e Ederson, da Roma e Manchester City, respectivamente, estão à frente nos conceitos do treinador.
Para o torcedor do Santos, no fim das contas, é até melhor que Vanderlei fique. Os desempenhos da equipe ao longo desta temporada, mesmo nas vitórias, não têm sido absolutamente confiáveis.
No caso de Tite, que ele vá para a Rússia com seu ar de incontestável, na espera de que essa condição seja mantida com grandes atuações. E, para isso acontecer de fato, só voltando com o hexa. O problema é que imponderável rima com incontestável.
*Ted Sartori é jornalista desde 2000 e trabalhou no jornal A Tribuna, de Santos. Escreveu o livro “‘100 anos da Vila Belmiro”, junto com Almir Rizzato. Também tem o blog Arquivos1000 e um canal do YouTube com o mesmo nome, assim como o Só Esportes. Os dois apresentam um registro incrível da TV brasileira e também das transmissões esportivas.