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Amistosos da Seleção: de volta para o futuro com Tite

O equilíbrio numérico entre o passado e o futuro marcou a primeira convocação de Tite para a Seleção Brasileira, que enfrentará Estados Unidos e El Salvador em amistosos nos dias 7 e 11 de setembro, respectivamente.

Dos 24 nomes da lista, 13 estiveram no Mundial da Rússia, o que mostra coerência e confiança no trabalho feito.

A divisão do trabalho em ciclos (curto, médio e longo prazo) também me agradou. É uma situação que permite observações, visando, inicialmente, a Copa América. A competição é a linha limítrofe para o longo prazo, visando o Mundial do Catar, em 2022.

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“Todo ciclo terá uma característica de convocação”, afirmou Edu Gaspar, coordenador de seleções da CBF.

Ou seja, quem não apareceu, pode surgir depois, como o contrário também será possível.

Jogadores em alta

Rodrygo, do Santos, por exemplo, foi bastante elogiado por Tite, em meio a uma lista de outros possíveis, que não mereceram predicados mais extensos.

“Ele tem 17 anos, mas joga futebol de 28 anos, com uma clarividência e capacidade intelectual. Ainda vai maturar fisicamente”, comentou.

Lucas Paquetá, do Flamengo, e Arthur, agora no Barcelona, eram nomes aguardados. Pedro, do Fluminense, é um dos que estão nessas avaliações – embora Paquetá também se encontre nesse nível.

Levar o goleiro Hugo, de 19 anos e titular dos juniores do Rubro-Negro carioca, faz parte da prometida integração com a base da amarelinha – ou seja, dar chance a um atleta sub-20 de convivência com o principal. Colaborou, também o pedido de Ederson, ausente desta vez por razões particulares.

Por outro lado, a opção por Andreas Pereira, do Mancheter United, obedece, talvez, outra motivação: não permitir de vez à Bélgica – ele tem dupla nacionalidade – convocá-lo, embora Tite diga que é somente pelo alto nível de desempenho no United.

Prejuízo

A incoerência nessa convocação está em relação aos semifinalistas da Copa do Brasil. O Palmeiras não teve nenhum atleta chamado – e não seria nenhum absurdo se houvesse – e entra em vantagem nessa fase, que será em 12 de setembro, um dia após o segundo amistoso. Isso expõe os problemas entre o calendário brasileiro e a data Fifa.

“Talvez forçar a convocação de um atleta do Palmeiras deixasse tudo igual, mas não quis deixar de dar a oportunidade ao Fred, por exemplo”, disse Tite. Explica, mas não justifica, em minha modesta opinião.

Franqueza

A sinceridade extrema de Tite, aliada a um pouco de lógica, também foi outro ponto que julguei interessante na entrevista coletiva. No entanto, ele deixou claro que não comandará a seleção olímpica em Tóquio, no Japão, em 2020, passando a bola para quem está no comando – no caso, Carlos Amadeu, técnico da equipe sub-20 – por uma questão de divisão de trabalho.

“Nós não conduzimos ainda essa situação, mas tem grandes profissionais qualificados em termos pessoais e profissionais. Muito melhor pegar um profissional que tenha todo um acompanhamento mais profundo. Nenhuma seleção do mundo tem o técnico principal na olímpica”, explicou o treinador da Selelão Brasileira.

A mesma clareza ele mostrou em outra resposta. Ao ser perguntado sobre se tinha garantias para estar à frente da amarelinha na Copa de 2022, ele foi enfático: não.

“O futebol te exige constantemente fazendo um grande trabalho e ter resultados em cima de desempenho para que essa projeção aconteça, mas sei que está alicerçado a trabalho e resultado”, afirmou.

Assim, é o chamado confiar, desconfiando. É uma outra boa forma de equilíbrio.

*Ted Sartori é jornalista desde 2000 e trabalhou no jornal A Tribuna, de Santos. Escreveu o livro “‘100 anos da Vila Belmiro”, junto com Almir Rizzato. Também tem o blog Arquivos1000 e um canal do YouTube com o mesmo nome, assim como o Só Esportes. Os dois apresentam um registro incrível da TV brasileira e também das transmissões esportivas.

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