Da doença à vitória: a história de Tati Branco e o câncer de mama
O risco de um grafite 0,7 em um papel A4.
Qual a relevância que esse pontinho, quase imperceptível, do encostar da ponta da lapiseira na folha branca, teria no seu dia?
É provável que passe despercebido, se estiver em uma folha no meio do expediente.
Para Tatiana Branco, virou motivo de piada.
No consultório de um ginecologista, durante uma consulta, ela recebeu um receituário em suas mãos, com o resultado de um ultrassom das mamas.
Essa história é real e aconteceu aqui em Santos.
O diagnóstico do médico: manter relações sexuais com o namorado, 3 vezes por semana, durante dois anos.
É por isso que o Outubro Rosa é absolutamente necessário.
E por isso que atos como se tocar e conhecer o próprio corpo são tão importantes.
Aos 31 anos, Tatiana saiu do consultório com a certeza de que não deveria seguir o que foi dito durante a consulta e esperar um ano para refazer o ultrassom. Chegou em casa, fez o autoexame de toque e procurou outro profissional.
Não deu outra, era câncer de mama.
Esse é o segundo tipo de tumor maligno mais incidente entre brasileiras e, apesar de todas as campanhas de conscientização, muitos mitos ainda são tidos como verdade.
O primeiro deles é a idade: muita gente acredita que só mulheres a partir de 40 anos possam receber esse diagnóstico. Em Santos, apenas com essa idade você pode fazer mamografia pelo sistema público.
E não funciona bem assim. Homens e mulheres, com qualquer idade, podem ter câncer de mama.
“Muita gente me pergunta sobre a idade. Eu nem pensei nisso… por ter me formado na área da saúde (nutrição), sempre soube interpretar exames. Já sabia o que tinha antes de receber a confirmação da necessidade da cirurgia. Foi uma aceitação natural”, explica.
Aos risos, a confeiteira da Reino Branco, lembra de como comunicou a família: reuniu todos na sala de sua casa e falou sem rodeiros. Foi dela a função de acalmar a mãe, tias, irmã mais nova e todas as primas.
Estudos dizem que, em casos de histórico familiar, a chance de um diagnóstico de câncer é maior. Por isso, todas as mulheres da família de Tatiana receberam o aviso e orientações sobre como se examinar.
“Eu só pensava no que precisava ser feito. Melhor ‘perder um pedaço’ meu, do que não estar mais aqui. Não me sinto mutilada, menos mulher, nada disso”.
Depois de fazer a cirurgia de retirada do seio, ela teve alta em meios de 48 horas. Viajou para o litoral do México e pegou muito bronzeado de biquíni, foi para o casamento da irmã e, na volta, colocou um implante.
Imagem: Acervo Pessoal
Depois da mastectomia da mama esquerda, as únicas lembranças do câncer são a cicatriz, que logo dará vida a “uma tatuagem bem cabulosa”, um comprimido ingerido via oral todos os dias pelo período de 5 anos e as visitas ao médico a cada 6 meses.
“Acho que continuo a mesma pessoa. Porém, muito mais forte, menos preocupada com o que os outros vão pensar e em como será o amanhã. Faço o que tenho vontade, vivo o melhor que posso a cada dia”.
A santista, que não dava muita importância para a palavra “câncer”, viu o termo se transformar em um capitulo de vitória em sua vida.
O som do mar ganhou outra importância e o maior conselho que ela dá a todos é: tenham seus exames em dia e conheçam seus corpos!
Autoexame
Fique de olho em qualquer sinal do seu corpo.
O autoexame da mama deve ser realizado uma vez por mês, 3 a 5 dias após o aparecimento da menstruação, em mulheres de qualquer idade. Os meninos podem fazer em qualquer data, mas também devem ficar ligados.
O exame pode ser feito em frente ao espelho, seguindo os passos:
– Observar os seios com os braços caídos
– Observar com os braços levantados
– Observar com as mãos na cintura
Veja o tamanho, forma e cor das mamas. Se há inchaços, saliências, rugosidades ou qualquer outra característica diferente.
No chuveiro, o processo é:
– Coloque a mão atrás da cabeça
– Apalpe o seio referente à mão levantada em movimentos circulares, do centro para fora, nos mamilos e para cima e para baixo.
Em todos os movimentos, os dedos devem estar juntos e esticados. Também observe se há a saída de qualquer líquido dos mamilos.
E deitada o processo é:
– Deite com braço na nuca
– Coloque uma almofada ou toalha debaixo do ombro
– Apalpe a mama esquerda com a mão direita, com os mesmos movimentos citados anteriormente.
Em caso de dúvidas, assista ao vídeo abaixo: