Ultramaratonista de Cubatão faz sua segunda volta ao mundo
De Cubatão para os cinco continentes. O ultramaratonista Alexandre Sartorato, de Cubatão, acaba de concluir uma façanha e tanto. Ele acaba de dar sua segunda volta ao mundo correndo.
Essa jornada atravessou 27 países e somou 102 dias de desafios físicos e emocionais intensos. O trajeto foi concluído em julho de 2025 e fez com que Sartorato entrasse definitivamente para a história do esporte mundial.
Ele passou por Egito, Grécia, Albânia, Macedônia, Sérvia, Kosovo, Montenegro, Bósnia, Croácia, Itália, Vaticano, San Marino, Áustria, Liechtenstein, Suíça, Alemanha, França, Luxemburgo, Bélgica, Holanda, Inglaterra, País de Gales, Brasil, Uruguai, Argentina, Japão e Nova Zelândia.
Para quem acompanha as rotinas de atletas e se inspira em histórias de superação, a saga é um convite para refletir sobre os limites do corpo e da mente. E mais: leva a olhar com outros olhos para o potencial do esporte da Baixada Santista.
Da areia do Egito à neve dos Alpes
A volta ao mundo de Sartorato começou nas imponentes Pirâmides de Gizé, no Egito. Esse local simbólico tem toda uma carga de história e desafio. De lá, ele partiu para atravessar países na África, Europa, América do Sul, Ásia e Oceania.
A cada etapa, uma nova adaptação: temperaturas que variaram de 40°C no deserto egípcio a -10°C nos Alpes, com direito a granizo e ventos cortantes. Enquanto o mundo lida com fusos horários e diferentes culturas apenas por lazer, Sartorato precisava correr uma ultramaratona por dia, driblando jet lag, cansaço extremo e a escassez de itens básicos.
O ultramaratonista enfrentou trechos onde tinha apenas uma tenda improvisada para descansar, longos períodos sem acesso a alimentação adequada e limitações para hidratação. Entre estradas de barro, trilhas, terrenos irregulares e os obstáculos das diferentes legislações locais, a rotina não perdoou o corpo.
Bolhas, lesões, quedas de unha e dores profundas passaram a ser parte do cotidiano. Ainda assim, ele seguiu firme, distribuindo energia, histórias e até camisetas, cada uma representando um dia vencido na estrada.
Ao longo do desafio, consumiu mais de 800 mil calorias, volume gigantesco de energia, mas ainda insuficiente diante da exigência física diária.
“Parece muita coisa, mas, infelizmente, a alimentação ficou muito abaixo do razoável. Por diversos fatores, em vários dias fiquei sem comer por muitas e muitas horas. Isso prejudicou bastante”, explicou.
Ele usou 60 pares de meias, 8 calças de lycra e 26 pares de tênis. Os calçados, inclusive, eram de material reciclado.
“Quero ajudar a desenvolver calçados de alta performance com preço acessível para a população.”
O desafio da ultramaratona
Ultramaratonas, especialmente desafios que colocam atletas em rotinas diárias de quilômetros intensos, geram desgastes musculares, alterações imunológicas e perdas energéticas que podem levar semanas para recuperação.
É possível apontar a resiliência psicológica como um super diferencial dos ultramaratonistas como ele. Atletas que enfrentam situações extremas, como privação de sono e rápida mudança de fusos, destacam o emocional como o grande responsável pela chegada ao fim do percurso.
A literatura científica aponta que a demanda calórica e o impacto físico nessas provas são fatores limitantes, o que torna o feito de Sartorato ainda mais impressionante.
Esporte com causa
Mais do que resistência física, a volta ao mundo serviu como plataforma para causas sociais acompanhadas pelo atleta. A jornada teve enfoque no combate à fome, ao racismo, à miséria e outras injustiças, conectando realidades de todos os cantos.
Sartorato usou sua visibilidade para mostrar que o esporte também pode ser uma ferramenta de transformação e inclusão. No caminho, colecionou relatos de superação e tentando inspirar comunidades, inclusive as do seu território natal, a encarar seus próprios desafios.
O feito do ultramaratonista, além de virar tema de estudos científicos sobre limites do corpo humano, também deve render um documentário e um livro, “Minha família chamada mundo”. O projeto traz registros dos desafios e depoimentos que ouviu em cada país, mostrando como uma história de superação de Cubatão se conecta com o que há de mais universal no esporte: a luta, o obstáculo, a conquista e o desejo de deixar um legado positivo.
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