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Todos têm direito ao mar: conheça o projeto Inclusão Caiçara

Iniciativa gratuita promove inclusão social e bem-estar para 200 crianças, jovens e adultos com TEA, Síndrome de Down e outras condições

Tempo de leitura: 4 minutos

O mar de Santos é o cenário de uma iniciativa de transformação social que vai muito além do esporte. O projeto Inclusão Caiçara, desenvolvido pelo Clube Canoa Caiçara em 2024, leva a prática da canoa havaiana para pessoas com deficiência, mostrando que a praia é para todos.

Nas águas santistas, cada remada representa não apenas movimento, mas esperança, inclusão e a certeza de que todos têm direito ao mar. 

www.juicysantos.com.br - inclusão caiçaraFoto: @dus.h.m

A história do Inclusão Caiçara

O projeto nasceu da experiência e dedicação de remadores que já atuavam voluntariamente em outro projeto similar. Taís Lamberti, uma das coordenadoras e mãe de dois filhos com Transtorno do Espectro Autista (TEA), conta como tudo começou: 

“O grupo levou a ideia para um dos sócios do Canoa Caiçara. Eles abraçaram a causa pois sempre tiveram vontade de fazer um projeto social.”

O primeiro encontro aconteceu em 2 de maio de 2024, com 60 alunos. Hoje, o projeto atende 200 pessoas cadastradas, com vivências que reúnem entre 105 e 130 participantes por encontro, incluindo os responsáveis. 

“95% do nosso público é TEA, mas também atendemos pessoas com Síndrome de Down, microcefalia, paralisia e portadores de mielomeningocele“, explica Taís.

Muito além do esporte

As atividades acontecem em domingos alternados, das 8h às 11h, com saídas em dois catamarãs por um percurso adaptado. Mas o projeto vai muito além da prática esportiva. 

www.juicysantos.com.br - inclusão

“A âncora do projeto tem alguns pilares: respeito, acolhimento e empatia. O acolhimento começa já na chegada do aluno, estimulamos a comunicação, a interação social”, destaca a coordenadora.

Sandra Regina Marques Arruda, responsável pelo voluntariado, ressalta a importância da estrutura humana: 

“Temos uma média de 65 voluntários, a maioria são remadores do nosso clube. Atendemos crianças a partir dos 4 anos e sem limite de idade final.”

O ambiente marinho proporciona benefícios terapêuticos únicos.

“O mar e a natureza fazem bem para o corpo, para a alma, diminui o estresse. Temos participantes que têm questões sensoriais e conseguimos atendê-los adequadamente”, observa Taís, que também enfatiza a importância da socialização entre as famílias:

“Os familiares têm uma troca muito rica de informações, às vezes uma mãe se apoia na outra.”

Rede de apoio

A segurança é prioridade absoluta no projeto. Portanto, todos os participantes utilizam coletes adequados e remos adaptados para diferentes faixas etárias. A equipe de voluntários inclui profissionais especializados: psicólogos, fonoaudiólogos, terapeutas ocupacionais, professores da escola de educação especial 30 de Julho e até uma pediatra que vem de São Paulo especialmente para participar.

“Em momento algum existe a possibilidade de um desses alunos estar sem colete. Temos todo um protocolo de segurança”, garante Taís, que destaca como os participantes se transformam: 

“Eles se sentem remadores, ficam com a autoestima lá em cima, e isso ajuda muito no desenvolvimento de cada um.”

O sucesso da iniciativa tem gerado reconhecimento na área da saúde. O projeto recebe indicações da Clínica Escola Autista, APAEs e diversas clínicas da região. Atualmente, há 73 crianças na fila de espera.

“Nós temos o apoio da Fundação Settaport, da iniciativa privada e, claro, do Canoa Caiçara, que é nosso braço principal. Tudo aconteceu por conta deles”, reconhece Taís.

O projeto também promove confraternizações temáticas como o Dia das Crianças, Natal e Dia das Mães. Dessa forma, fortalece o senso de pertencimento

“É o meio da gente socializar e fazer com que se sintam pertencentes à modalidade, pertencentes ao grupo”, explica a coordenadora.

A cada vivência do Inclusão Caiçara, não é só quem entra na canoa que se transforma. As famílias ganham uma nova rede de apoio, voluntários se descobrem mais humanos, e toda a comunidade é impactada por esse exemplo de resiliência e empatia.

Essa é mais uma história que mostra que mar e cidade são territórios de todos que remam juntos na mesma canoa em busca de felicidade. 

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