Só os Loucos Sabem: conheça a história por trás da música do Charlie Brown Jr.

Meu tu não sabe o que aconteceu…os caras do Charlie Brown invadiram a cidade (e nossa redação)!

A essa altura, é bem provável que você já tenha ouvido falar de uma certa banda chamada Charlie Brown Jr. E quase certeza também que reconhece a figura marcante do frontman Alexandre Abrão, o eterno Chorão (ou Choris, para os íntimos). Aqui no Juicy, a gente não perde a chance de relembrar a trajetória dele, sempre mantendo viva sua memória.

Dizem por aí que toda vez que o vento sopra forte e alguém manda um ollie em Santos, dá para ouvir alguma pedrada do Charlie Brown Jr. ecoando. Brincadeiras à parte, a banda santista acumulou uma coleção de hits que seguem na cabeça e no coração de muita gente: Não Deixe o Mar Te Engolir, Proibida pra Mim, Senhor do Tempo e tantos outros clássicos.

Mas Chorão não era só voz no microfone. Era também o poeta das letras, responsável por transformar sentimentos e vivências em músicas que atravessaram gerações. Já se perguntou de onde vinha tanta inspiração? Então se prepara, porque vamos contar um pouco das histórias que estão por trás dessas canções.

Hoje, vamos dissecar o que houve por trás de uma das canções mais filosóficas do CBJr, Só os Loucos Sabem.

Só os loucos sabem de onde veio essa música

Calma, não precisa perder parafusos para entender essa. Só os Loucos Sabem nasceu de duas experiências marcantes na vida de Chorão.

A primeira aconteceu em Araraquara, quando a banda chegou para um show. Uma fã entregou a ele um folheto em homenagem ao irmão, que havia morrido aos 20 anos. O garoto era apaixonado pelo Charlie Brown Jr. e, no verso do papel, estava escrita a letra de sua música favorita: Lugar ao Sol.

“O medo cega os nossos sonhos”

Chorão ficou mexido. Começou a pensar se aquele jovem tinha conseguido realizar seus objetivos. A ideia que não saía da cabeça era simples e dura: às vezes o medo de falhar é tão grande que a gente nem tenta.

“Você deixou saudade”

De volta ao hotel, ainda tocado pela história, ele começou a rascunhar os primeiros versos. Thiago Castanho, guitarrista da banda, criou a melodia quase ao mesmo tempo.

Amizade e fé

Mas a maior parte da letra só veio anos depois, em 2007, por causa de outro amigo: Glauco Veloso. Explosivo como Chorão, ele tinha sido preso pouco tempo antes e só saiu graças à ajuda do vocalista. Até que, inesperadamente, se converteu ao evangelho. A mudança surpreendeu Chorão.

“Um homem quando está em paz, não quer guerra com ninguém”

Glauco era tão explosivo quanto Chorão. Pouco tempo antes, chegou a ser preso e só conseguiu a liberdade graças ao apoio do amigo, que bancou os advogados. Depois da conversão ao evangelho, porém, ele se transformou. Passou a viver em paz, sereno, e essa mudança chamou a atenção de Chorão.

O vocalista carregava um temperamento pesado, marcado pelo sofrimento e pela pressão do sucesso. A morte do pai ampliou ainda mais essa dor. Foi nesse cenário difícil que as palavras de Glauco sobre a fé começaram a tocar Chorão.

Certa vez, Glauco o convidou para assistir ao lançamento de um CD do ex-vocalista do Raimundos, Rodolfo Abrantes, que também havia se convertido. O evento aconteceria em uma igreja, e Chorão decidiu acompanhar.

“Segurei minhas lágrimas
Pois não queria demonstrar a emoção
Já que estava ali só pra observar
E aprender um pouco mais sobre a percepção”

Chorão foi à igreja e se emocionou com o que presenciou. Encontrou ali um certo conforto, mas logo acabou reconhecido pela multidão, exatamente o que não queria.

Naquela noite, desejava ser apenas mais um espectador, não o vocalista do Charlie Brown Jr. Por isso, se afastou para um espaço mais reservado, onde acompanhou o restante do show.

A experiência o marcou profundamente. Inspirado pelo que viveu, ele completou a letra de Só os loucos sabem naquela mesma noite, rabiscando versos em um guardanapo durante o jantar após o evento.

“Eles dizem que é impossível encontrar o amor
Sem perder a razão
Mas pra quem tem pensamento forte
O impossível é só questão de opinião
E disso os loucos sabem”

Segundo a revista Rolling Stone, Só os Loucos Sabem é uma das 10 músicas brasileiras mais marcantes do século XXI.