SDD, de Osales e Dre Vila, levanta debate sobre masculinidade
Lançamento vai além da ostentação no rap, abordando a fragilidade masculina e promovendo conversas importantes sobre emoções.
Quando a Zona Noroeste vira cenário para levantar assuntos pouco falados, a gente para para ouvir. O videoclipe de SDD não impressiona só pelo som, pelo visual caprichado ou pelas rimas. Desta vez, o papo vai para bem além do romance ou da ostentação. O projeto mexe justamente em uma das caixas mais fechadas do rap nacional: a fragilidade masculina.
A track de Osales e Dre Vila aposta na vulnerabilidade para provocar conversas e representar a quebrada com autenticidade. Do conceito visual à estreia no bairro, SDD quer fazer barulho dentro e fora dos fones de ouvido.

O rap, apesar de sua importância na identidade periférica, ainda insiste em manter estereótipos do homem fechado, durão e pouco aberto para o emocional, especialmente em relação à saúde mental e afetos dentro desses espaços sociais.
SDD de saudades
Com direção de Marcelo Pereira, da Quebra Filmes, o vídeo é um exemplo de como a quebrada pode periferia pode escrever seus próprios códigos.
Ao invés do rapper “posturado”, um protagonista real: OSALES, jovem negro, expõe seu lado vulnerável depois de um término. Enquanto a letra da música puxa aquela pose forte, como se nada abalasse ou desse saudades, as imagens fazem o oposto: trazem para a tela o que muitos vivem, mas quase nunca têm coragem de falar.
Esse contraste entre som e imagem está na tela para questionar a expectativa de força absoluta, tão comum tanto na música quanto no dia a dia das quebradas. E mais: o clipe usa a metáfora da água para construir os sentimentos do personagem. A pressão da rotina, das cobranças sociais, dos “não pode chorar” e dos medos, tudo vira um rio que só quer transbordar.
A estreia do videoclipe não foi só online. Teve première com apresentação dos artistas e convidados na própria Zona Noroeste, onde muitos desses diálogos costumam ficar de fora dos holofotes.
Assista ao vídeo SDD