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Rael Marques lança “Deus Já Foi Preto”, um mergulho visceral nas periferias do Brasil

Trama acompanha Ian em sua incessante procura por um futuro digno, por afeto e por um lugar no mundo

Tempo de leitura: 4 minutos

O escritor caiçara Rael Marques está lançando o livro Deus Já Foi Preto (Editora Mondru), uma narrativa intensa e crua sobre desigualdade, violência e identidade nas periferias brasileiras. 

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Criado no Guarujá e atualmente morando em São Vicente, Marques mescla vivências próprias, histórias de amigos e muita ficção para contar a jornada de Ian, um jovem que cresce em meio à violência e à pobreza, buscando afeto, dignidade e liberdade.

A origem da escrita

Rael nasceu em Santos, mas cresceu no Guarujá, na quebrada do Perequê. Filho de faxineira (hoje professora de História) e de um pescador, enfrentou dificuldades comuns a muitas periferias.

“Vi amigos vendendo drogas, sendo presos ou morrendo, trabalhei desde criança e estudei longe de casa em busca de uma educação melhor” relembra o autor.

Todas essas experiências alimentaram a criação de Ian e a atmosfera do livro. O autor conta que o interesse por escrever surgiu ainda na infância, com histórias em quadrinhos. Porém, somente na faculdade, por volta dos 20 anos, retomou a escrita de forma mais séria, fazendo cursos de escrita criativa, de redação publicitária e de roteiro audiovisual. 

Desde então, passou a escrever constantemente, ler mais e buscar referências que alimentassem sua própria voz.

Deus já foi preto

O título do livro é, por si só, um convite à reflexão.

“Quando digo ‘Deus’, não me refiro ao divino, mas à figura humana de Jesus, alguém que viveu à margem, sentiu fome, perseguição e cicatrizes. Um homem mais próximo das vielas do que dos vitrais”, explica Rael.

A expressão “já foi” carrega o peso da distorção: ao embranquecerem Deus, apagou-se também a história, a fé e o imaginário de um povo inteiro.

“Esse apagamento reflete nas violências e desigualdades que o povo preto enfrenta até hoje. O título provoca uma reflexão sobre o que perdemos quando deixamos de ver Deus na pele, na dor e na força do povo preto”, complementa.

Narrativa que conecta leitores

O livro nasceu em 2016, mas Rael só decidiu publicá-lo quase dez anos depois. Ele queria criar uma história acessível a todos. Foi pensada tanto para leitores assíduos quanto para quem raramente pega um livro.

A narrativa em primeira pessoa prende o leitor desde o início, e cada capítulo termina com um gancho que conecta ao próximo, tornando a leitura fluida e envolvente.

“Muitas situações do livro eu vivi, outras observei e algumas ouvi. Ian é uma mistura de tudo isso, com doses de ficção que tornam a história única”, diz Rael. 

Ele ainda ressalta que, além da narrativa, o projeto gráfico da editora Mondru oferece um livro visualmente impressionante, ideal para deixar na estante ou postar nos stories.

Referências que inspiraram Rael Marques

A construção do tom do livro se apoiou fortemente no rap nacional. Artistas como Racionais, Emicida e Criolo ajudaram Marques a captar a vivência periférica com verdade.

Na literatura, ele se inspirou em obras como Cidade de Deus (Paulo Lins), Capitães da Areia (Jorge Amado), Capão Pecado (Ferréz), além de referências de autores como Carolina Maria de Jesus, Conceição Evaristo e Luiz Ruffato. Todos compartilham o olhar cru e humano sobre o Brasil real, o que Rael buscou transmitir em sua obra.

Pré-venda

A pré-venda de Deus Já Foi Preto vai até 24 de outubro, com preço promocional exclusivo nesse período. Quem mora na Capital ou no Litoral Paulista pode usar o cupom raelmarques e ter frete grátis e o autor entrega pessoalmente. Para outras regiões, o frete será calculado conforme a localidade.

Rael Marques já revela que o próximo projeto literário será um romance distópico, abordando questões de moralidade, vingança, liberdade e justiça, mostrando que sua escrita continuará provocando reflexões e debates sobre o Brasil contemporâneo.

Vitor Fagundes
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