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Primeiro museu periférico da Baixada Santista fica no Jardim São Manoel

O museu cresce conforme o bairro cresce, com os registros dos próprios moradores

Tempo de leitura: 3 minutos

Um espaço vivo de memória, afeto e muita resistência. É assim que o Jardim São Manoel, em Santos, celebra a chegada de um projeto super especial: o Museu Comunitário do Jardim São Manoel

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Ideias que movimentam

Mais do que uma simples exposição de fotos e objetos, este museu é a prova de que a história se constrói coletivamente. Afinal, ele é fruto de uma parceria de 15 anos entre a comunidade local e o Instituto Elos, que trabalha com uma metodologia focada em valorizar o potencial das pessoas e o protagonismo coletivo.

Ao longo dessa jornada, a união entre os moradores e o Elos já inspirou transformações concretas no bairro. Uma delas é a Horta Bons Frutos, um case de sucesso na região.

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Horta Bons Frutos

Além do museu, por exemplo, um dos grandes símbolos dessa união é a Horta Comunitária Bons Frutos. Nascida em 2014 a partir do sonho de quatro moradoras que queriam garantir uma alimentação mais saudável para as crianças da região, essa iniciativa transformou um antigo terreno da CPFL sob as torres de energia em um espaço de agroecologia, saúde e cidadania.

A Bons Frutos não só fornece alimentos, como se tornou a base de projetos sociais e de segurança alimentar, sendo um ponto de encontro e aprendizado que materializa a força da comunidade. Não por acaso, ela é o ponto de partida para as visitas guiadas do novo museu. 

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O acervo está nas ruas

Quando a gente fala de memória, não é apenas saudosismo, mas também um ato político e um direito de todos. 

Não surpreende que memórias e histórias das periferias tenham sido há muito tempo apagadas dos registros oficiais. As narrativas que circulam geralmente vêm de fora, carregadas de preconceito e falta de compreensão. Mas, quando os próprios moradores são guardiões e autores da própria história, isso muda toda a percepção de dentro e de fora. 

Reunindo cartografias afetivas, fotos, objetos e depoimentos, o museu convida a gente a caminhar pelas ruas do bairro e ouvir as vozes de quem construiu a história local com muita solidariedade. Uma criança que cresce vendo sua própria história valorizada em um museu, que escuta a avó ser celebrada como autora de uma narrativa, cresce com senso de pertencimento e dignidade muito diferente. E isso transforma comunidades inteiras.

“Cada casa, cada rua, cada celebração do São Manoel é parte de um acervo vivo. O museu é a expressão de uma história que continua sendo escrita todos os dias”. Destaca Vitória Santos, socióloga e facilitadora do projeto. 

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Visitas

O projeto faz parte da iniciativa Diálogos Construtivos, uma realização do Instituto Elos em parceria com associações de moradores locais e com apoio do Conselho de Arquitetura e Urbanismo de São Paulo (CAU-SP).

O museu é itinerante, mas é possível conferir o ponto de partida para futuras visitas e entender mais sobre esse acervo vivo. O ponto de partida fica na Horta Comunitária Bons Frutos, na Rua. Cel Feliciano Narciso Bicudo, 434, no Jardim São Manoel em Santos. 

Vitor Fagundes
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