Brioza e Jabuca: essa dupla de cães espalha amor pelos hospitais da região
Fernanda e Ricardo transformaram a dor da depressão em missão de levar carinho e sorrisos a pacientes, acompanhantes e profissionais de saúde
Há três anos, corredores de hospitais da Baixada Santista têm recebido um tipo especial de medicina: aquela que vem em quatro patas, com rabo abanando e olhos cheios de amor incondicional. Fernanda Macias Vieira de Araújo, de 44 anos, e Ricardo Ferreira de Araújo, de 47, cuidam de Brioza e Jabuca, cães terapeutas que oferecem afeto a quem mais precisa.

A história começou com a dor de Ricardo. Ele enfrentava uma depressão severa e descobriu que um dos remédios mais eficazes para sua recuperação era o amor e a parceria de Brioza, seu cão de assistência emocional com atestado. Assim, Ricardo transformou seu sofrimento em motivação.
“Quando ele percebeu que estava melhorando com o carinho dela, decidiu compartilhar esse amor com quem precisava”, conta Fernanda.
Brioza, hoje com 6 anos, iniciou suas visitas terapêuticas aos 3 anos. Seu perfil tranquilo, dócil e obediente tornou-a perfeita para a função. Por outro lado, Jabuca, hoje com 3 anos, foi adotado ainda filhote e treinado especificamente para ser um cão terapeuta. Aos 7 meses, realizou sua primeira visita e impressionou a todos.
Transformando vidas com cafuné
Durante as visitas, as atividades são simples, mas profundamente transformadoras:
“Não é um espetáculo. É uma terapia de estar com o cão, fazer carinho e receber todo o amor que ele tem para dar”.
Em uma visita à ala pediátrica de um hospital, uma criança internada sem reação sorriu ao receber a visita dos cães.
“A enfermeira pediu para tirar uma foto porque não via aquele sorriso havia quinze dias”, contam.
O trabalho não se limita aos pacientes. Acompanhantes exaustos pela rotina hospitalar e profissionais de saúde que lidam diariamente com a dor também recebem o carinho dos cães. Principalmente nas UTIs do Hospital Guilherme Álvaro, o impacto é visível. Como dizem os próprios profissionais: “Vocês mudaram o nosso dia, fizeram o plantão mais leve”.
Amor puro e incondicional
Para o casal, o segredo dessa terapia está na essência dos cães.
“Eles são leais, sinceros, são amor puro. Não importa se você está bem vestido, limpo, saudável ou doente, com dinheiro ou não. Eles querem estar com você e não pedem nada em troca além de um cafuné”.
O trabalho voluntário começou com o projeto Amor em Forma de Pelos, focado apenas em Brioza. Em seguida, o casal foi convidado a integrar o projeto Dr. Pet, unindo forças com outros cães terapeutas. Recentemente, a família cresceu com Belmiro, que promete seguir os passos dos irmãos.
Vale mais que dinheiro
Quando perguntam o que ganham com esse trabalho, Fernanda responde com simplicidade:
“Eu ganho sorriso, eu ganho palavras carinhosas, eu ganho o nosso coração quentinho. Esse é o nosso pagamento”.
Além de levar bem-estar aos outros, essa missão fortaleceu o próprio casal.
“Fazer o bem para os outros faz muito bem para a gente. Às vezes, estamos num dia mais difícil e vamos para a visita. Então, percebemos o quanto fazemos diferença com tão pouco”.
Atualmente, eles atendem não apenas em Santos, mas também em toda a Baixada Santista, incluindo São Vicente, Praia Grande, Guarujá e Cubatão. E a demanda cresce constantemente.
“Recebemos mensagens perguntando quando será a próxima visita, dizendo que estão precisando de carinho, precisando vê-los”, diz Fernanda.
São três anos espalhando amor pela região. Assim, eles provam que às vezes a melhor terapia vem de um focinho molhado, um olhar sincero e uma dose generosa de amor incondicional em forma de pelos.