Patrimônio do Centro Histórico, Convento do Carmo será restaurado
Igreja precisou fechar por questões de segurança e agora passará por reforma com colaboração da Prefeitura.
O Convento do Carmo, uma das construções mais antigas de Santos e conhecido ponto do Centro Histórico, está prestes a entrar em uma nova fase de preservação e cuidado. A Prefeitura de Santos, através da Secretaria de Obras e Edificações (Seobe), iniciou uma série de ações para dar suporte ao restauro do patrimônio histórico santista, em colaboração com a Província Carmelitana Fluminense, responsável pela propriedade tombada.
A medida acontece após o fechamento da igreja no dia 29 de junho de 2025, devido a risco estrutural. Segundo o Jornal da Orla, a decisão ocorreu após intimações da Defesa Civil e da Prefeitura sobre questões de segurança.
Vale dizer: esta é uma propriedade particular, tombada como patrimônio histórico.
Foto: PMS/divulgação
O que vai acontecer com o Convento do Carmo?
O novo projeto para o Convento do Carmo nasce de um Termo de Cooperação com o Município, envolvendo elaboração de propostas de restauração e conservação de todo conjunto arquitetônico. E isso significa que vai da igreja à capela, campanário e áreas externas, já submetidas à apreciação dos órgãos de proteção do patrimônio federal, estadual e municipal.
A ação conjunta envolve Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico do Estado de São Paulo (Condephaat) e Conselho de Defesa do Patrimônio Cultural de Santos (Condepasa).
Tecnologia ajuda a cuidar do patrimônio
A equipe técnica da Prefeitura, sob coordenação do arquiteto Ney Caldatto (Seobe), atua com um time de profissionais e recursos que otimizam o processo. Um dos destaques é o uso de escaneamento a laser, que permite levantamento completo dos edifícios, com precisão nas informações das fachadas, interiores e coberturas.
Segundo a arquiteta Maria Valéria Affonso, do Departamento de Planejamento de Obras, essa etapa é fundamental para garantir detalhes no diagnóstico, sem intervenções invasivas.
Além disso, está em desenvolvimento o projeto executivo para o restauro das talhas de madeira dos altares e retábulos, a partir de análises históricas, artísticas e materiais criteriosas. Outra medida é o planejamento paisagístico do local, com foco nos claustros e pátio – espaços essenciais para a experiência de quem visita o conjunto arquitetônico.
Luz, cor e arqueologia no Convento do Carmo
O município já finalizou o projeto luminotécnico para a Igreja do Convento, elaborado para valorizar os detalhes arquitetônicos e garantir mais segurança ao espaço. A escolha das soluções de iluminação busca destacar os elementos históricos, respeitando as características originais do prédio.
Outra fase bem importante envolve prospecção arqueológica com uso do mapeamento por radar, de modo não invasivo, para apontar as fundações primitivas e auxiliar nas futuras intervenções.
Simultaneamente, está em andamento um edital para serviços de prospecção pictórica, processo minucioso para identificar camadas de pintura originais e entender quais eram as cores, pigmentos e técnicas usadas há séculos.
Todo o conjunto de estudos deve orientar as próximas fases do restauro deste ícone da memória santista, que fica na Praça Barão do Rio Branco.
Preservar o que é nosso
O Convento do Carmo cumpre papel importante na paisagem urbana de Santos desde o século XVIII. Ao longo dos anos, viu sua igreja original, erguida em 1640, virar a construção atual, de 1752. O local atravessa gerações, transformando-se junto com a cidade e carregando marcas importantes da história religiosa, artística e arquitetônica do município.
Por isso, o restauro do patrimônio histórico santista precisa acontecer de forma criteriosa e transparente.
Uma pesquisa da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (FIPE) publicada em 2021 aponta que a manutenção e restauração de edifícios tombados traz impactos econômicos, turísticos e culturais positivos para as cidades. De acordo com o estudo, regiões que preservam seus prédios históricos apresentam maior valorização imobiliária, atraem novos investimentos e promovem identidade local. Para além do turismo, a cidade ganha em sustentabilidade urbana e na oferta de emprego durante as obras.