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Maria Clara, a garota prodígio de Santos que é braba nos cubos mágicos

Maria Clara treina diariamente em casa e representa a nova geração de atletas do speedcubing brasileiro, provando que talento, dedicação e apoio familiar podem levar longe.

Tempo de leitura: 5 minutos

Uma santista de apenas 17 anos está fazendo história no mundo dos cubos mágicos. Maria Clara Rodrigues Garola Lima conquistou o terceiro lugar na categoria Clock no Campeonato Brasileiro de Cubo Mágico, realizado em Curitiba. Hoje, ela detém o impressionante recorde sul-americano feminino no Clock, com tempo mínimo de 4,44 segundos.

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O que começou como uma distração durante a pandemia se transformou em paixão e, posteriormente, em conquistas que colocaram Santos no mapa do speedcubing nacional e internacional.

O início de tudo: da tela para as mãos

Maria Clara sempre gostou muito de praticar esportes, mas com a pandemia, não conseguiu mais fazer o que gostava tanto. Foi navegando pelo YouTube que o destino mudou sua trajetória. 

“Acabei vendo um vídeo de uma menina montando cubo mágico, que foi a Suzane Coelho. E eu me interessei e foi aí que eu pedi um cubo mágico pra minha mãe de presente.”

O presente veio no Dia das Crianças: um cubo mágico da Rubik tradicional que se tornaria o primeiro passo de uma jornada extraordinária.

“Eu demorei um mês para aprender a resolver. E quando consegui, a minha primeira resolução foi 5 minutos.”

A evolução foi constante. De 5 minutos ela passou a fazer em 2 minutos, depois em 1 minuto.

“Atualmente, eu faço em menos de 10 segundos. Isso estava me incentivando mais a continuar, porque eu estava vendo minha evolução.”

Sua mãe, Rita Garola,  percebendo o talento da filha, passou a comprar cubos de diferentes formatos para desafiá-la. “E eu sempre conseguia resolver”, diz Maria Clara, demonstrando a naturalidade com que lida com os quebra-cabeças tridimensionais.

Especialidade: clock

Embora tenha começado com o cubo 3×3 tradicional, foi no Clock que Maria Clara encontrou sua verdadeira vocação.

www.juicysantos.com.br - clock

 

Para quem não conhece, o Clock é um quebra-cabeças mecânico que consiste em duas faces com nove relógios cada uma, conectados por engrenagens internas. O objetivo é fazer com que todos os 18 relógios marquem 12 horas simultaneamente, manipulando botões e rodas dentadas em sequências específicas.

É considerado uma das modalidades mais desafiadoras do speedcubing, exigindo não apenas velocidade, mas também precisão e estratégia na resolução.

“Para mim, a medalha de terceiro lugar no clock é muito significativa, porque é o meu principal foco atual, eu comecei a me dedicar bastante nele.”

A evolução no Clock foi ainda mais impressionante:

“Comecei fazendo 20, 40 segundos em um campeonato e, atualmente, meu menor tempo é 4 segundos.”

E ela garantiu o recorde sul-americano feminino, conquistado em um campeonato em Morro Reuter (RS).

Competindo com os melhores do Brasil

O Campeonato Brasileiro de 2025, realizado em Curitiba, foi um marco na carreira de Maria Clara. Era a maior competição do gênero, reunindo mais de 280 competidores.

“Consegui concluir metas e desafios meus pessoais e fiquei super feliz. Consegui encontrar recordistas brasileiros e até internacionais, foi uma experiência única.”

O segredo do sucesso

Maria Clara contou um pouco de sua estratégia mental:

“O segredo para resolver o clock tão rápido é ter o seu jeito de concentração. Cada atleta tem o seu jeito de se preparar antes de começar a resolver o cubo.”

Seu ritual de preparação é simples, mas eficaz. 

“Eu respiro fundo. Às vezes falo para mim mesma que está tudo bem, que ali eu estou me divertindo como se fosse treinar em casa. Eu realmente fico muito mais tranquila, muito mais calma.”

Reconhecimento nacional

O talento de Maria Clara não passou despercebido pela mídia nacional. Ela foi convidada para participar do quadro “Pequenos Gênios” no programa Domingão com Huck, da TV Globo.

www.juicysantos.com.br - Pequenos genios

“Quando eu recebi uma mensagem direta do Instagram do Domingão, eu saí gritando pela casa e comecei a chorar. Minha mãe não estava entendendo nada. O cubo mágico abriu portas para mim que são muito marcantes e muito especiais.”

Apoio da comunidade

Por trás do sucesso de Maria Clara está uma família que sempre acreditou em seu potencial.

“A minha família sempre me apoiou muito no cubo mágico. Principalmente minha mãe e meu irmão, que nunca desistiram de mim.”

A jovem também ressaltou a união da comunidade do speedcubing:

“No cubo, não tem essa rivalidade toda, essa competição toda. Por mais que você esteja ali competindo, seu adversário está torcendo por você. Todos ali torcem por todos e estão dispostos para ajudar todo mundo.”

A vez das meninas

Como uma das poucas meninas a se destacar no speedcubing, Maria Clara tem uma mensagem especial para elas. 

“No speedcubing, não se vê muitas meninas, você vê muito mais meninos. Se vocês montam um cubo mágico por hobby, por diversão, se desafiem a evoluir, a diminuir o tempo de vocês e quem sabe competir, testar experiências novas, conhecer pessoas novas. Isso é muito legal e muito gratificante.”

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