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Garrafas plásticas viram pisos drenantes em Santos

Você pode já estar pisando em itens que iriam para o lixo e viraram material utilizado na cidade

Tempo de leitura: 5 minutos

Sabe aquela garrafa plástica que você jogou no lixo semana passada? Ela pode estar virando chão embaixo dos seus pés! Desde setembro, Santos começou a instalar pisos drenantes feitos 100% de resíduos reciclados em diversos pontos da cidade.

Projeto transforma resíduos plásticos em pisos drenantes

Em parceria com a São Judas Unimonte, que entrou de cabeça nesse projeto, a Ecofábrica da Zona Noroeste virou um verdadeiro laboratório vivo de sustentabilidade urbana.

A parceria entre a universidade, a Secretaria das Prefeituras Regionais e a Ecofábrica está provando que é possível unir educação, inovação e consciência ambiental em um único projeto. Resultado? Pisos drenantes que combatem enchentes e ainda salvam toneladas de plástico dos oceanos.

Colocando a mão na massa (e no plástico!)

Desde setembro, estudantes da  São Judas Unimonte estão envolvidos diretamente no projeto. Eles não ficam só na teoria da sala de aula. Pelo contrário, os alunos vão até a Ecofábrica para realizar análises técnicas, testes de resistência e ensaios que aprimoram a qualidade dos pisos.

Essa experiência prática prepara os futuros engenheiros e arquitetos para pensarem em soluções sustentáveis desde a formação, criando um ciclo de conhecimento e aplicação real que ajuda a cidade. 

Da garrafa descartada a solução urbana

O processo acontece todo na Ecofábrica da Zona Noroeste.

Os resíduos chegam pelo serviço municipal Cata-Treco ou através de doações da própria  comunidade.

Depois disso, passam por máquinas que trituram plástico, borracha e acrílico, transformando tudo em matéria-prima para os pisos.

Cada peça mede 40×40×6 cm. Portanto, para fabricar apenas um piso, são necessárias aproximadamente 64 garrafas plásticas de 500 ml.

A conta fica simples até para quem é de humanas. A Ecofábrica produz cerca de 400 pisos por mês. Ou seja, são mais de 25 mil garrafas estão sendo resgatadas do lixo mensalmente!

Em um ano de operação, o projeto pode alcançar 5 mil pisos instalados e resgatar mais de 330 mil garrafas plásticas. Nada mal para quem costumava ver essas garrafas entupindo bueiros e sujando praias, né?

Pisos drenantes fazem diferença na cidade

Além de dar um destino nobre para o plástico, esses pisos têm uma função estratégica: drenar água da chuva. Em uma cidade litorânea como Santos, que convive com chuvas intensas e pontos de alagamento, essa tecnologia é um alívio. 

Segundo dados da Fundação SOS Mata Atlântica, pavimentos permeáveis podem reduzir até 80% dos pontos de enchente urbana quando aplicados em larga escala. Além disso, esses pisos ajudam na recarga do lençol freático e melhoram o microclima da região. Uma solução simples que resolve vários problemas ao mesmo tempo.

A Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública (Abrelpe) aponta que o Brasil produz mais de 82 milhões de toneladas de resíduos sólidos por ano, mas recicla apenas 4% desse montante. Então, iniciativas como essa são fundamentais para mudar esse cenário.

Caminhando “em cima” de uma inovação

Ficou curioso para conhecer de perto? Diversos espaços públicos de Santos já exibem os pisos sustentáveis. Na Área Continental, a Ilha Diana recebeu a instalação em seus caminhos. Já o Campo da Zona Noroeste, na Caneleira, e a Praça Verde, no Santa Maria, também entraram na lista.

Além dos espaços de lazer, equipamentos públicos importantes foram beneficiados. A Estação da Cidadania (Av. Ana Costa, 340, Campo Grande) e o Centro de Aprendizagem e Mobilização Profissional e Social – Camps (Av. Washington Luís, 2, Vila Mathias) agora contam com pisos que valorizam o ambiente e previnem alagamentos.

Economia circular na prática

Esse projeto representa muito mais que pisos bonitos. Na prática, trata-se de economia circular funcionando de verdade: o que seria lixo acaba se transformando em produto útil, gerando benefícios ambientais, sociais e educacionais. Além disso, a parceria com a São Judas Unimonte garante que esse conhecimento se multiplique através dos estudantes.

Por sua vez, a presença da universidade não apenas eleva o nível técnico da produção, como também fortalece o compromisso com a qualidade. Afinal, os ensaios e análises feitos pelos alunos garantem que os pisos atendam às normas de qualidade e segurança. Dessa forma, o projeto se transforma em um verdadeiro case de inovação urbana colaborativa.

Quer fazer parte dessa ação? A Ecofábrica Zona Noroeste fica na Rua Gilberto Franco Silva, próximo ao Caminho São Jorge, na Caneleira.

O serviço municipal Cata-Treco continua operando para recolher grandes volumes de recicláveis e móveis usados. Para mais informações, entre em contato pelo e-mail [email protected] ou pelo telefone (13) 3201-5064.