Entre lendas e memórias: 4 histórias do folclore de Santos
Conheça histórias passadas de geração para geração e que continuam a surpreender e assustar santistas e visitantes.
O folclore é uma das formas mais ricas e encantadoras de preservação da cultura de um território. E, aqui na Baixada Santista, a gente tem histórias de montão pra contar… E elas ganham vida por meio das inúmeras lendas que permeiam o imaginário popular da nossa região.
Por isso, vamos lembrar algumas narrativas que fazem parte da alma dos santistas.
Mas história é folclore?
Se você ouviu algum desses “causos” dos seus avós ou contados na escola, pode ter certeza de que é folclore.
Segundo o etnógrafo brasileiro Luís da Câmara Cascudo, folclore é o conjunto das tradições populares, sejam elas lendas, mitos, ditados, festas, músicas, culinária e outras manifestações culturais – que um povo passa oralmente ou por práticas sociais nas comunidades.
Essa memória coletiva conta quem somos e de onde viemos. Esse tesouro imaterial conecta gerações e reforça a identidade de um povo.
No Brasil, o folclore é especialmente rico e diverso, resultado da mistura das culturas indígena, africana e europeia. E, aqui na nossa região, essa diversidade se reflete nas histórias que atravessam séculos, como aquelas contadas em Santos, Guarujá e cidades vizinhas.
O folclore de Santos moldou nossa formação
Duas das lendas mais emblemáticas da região são a da Fonte do Itororó e a de Nossa Senhora do Monte Serrat.
Elas não apenas fazem a imaginação voar, mas carregam ensinamentos e a história viva dos moradores.
Diz a sabedoria popular que quem bebe água da Fonte do Itororó nunca mais vai embora de Santos. Atualmente, a fonte fica no pé do Monte Serrat.
E, pra ficar ali perto, vamos falar de Nossa Senhora do Monte Serrat. A padroeira de Santos protagoniza uma das histórias mais poderosas e queridas pela população. Em 1614, durante a invasão dos piratas holandeses, os moradores da cidade buscaram refúgio e proteção na capela no alto do Monte Serrat. Após as preces, um desabamento teria afastado os invasores, consolidando Nossa Senhora do Monte Serrat como protetora da cidade. Desde então, a devoção cresce, e até hoje milhares de fiéis sobem os 402 degraus para agradecer e pedir graças à santa.
O fantasma do Paquetá
Essa é uma das mais comentadas e intrigantes lendas de Santos, envolvendo um suposto fantasma que aparecia no cemitério do Paquetá por volta do ano 1900. Testemunhas diziam ver uma jovem vestida com véu e lenço, que chorava silenciosamente e desaparecia sem deixar rasto.
O caso ganhou tanta repercussão que a polícia chegou a montar uma operação para capturar o fantasma, comandada pelo major Evangelista de Almeida. Cavalaria e policiais foram enviados para o local, mas a aparição nunca se fez presente durante a ação. A tentativa frustrada se transformou em folclore local, com a história do fantasma continuando a ser contada até hoje.
O mistério da Pedra da Feiticeira
Outra lenda marcante de Santos é a da Pedra da Feiticeira, que fica na confluência da Rua 7 de Setembro com a avenida Senador Feijó.
Não confunda com a Pedra da Feiticeira que fica em São Vicente. Essa é outra lenda – linda, aliás.
Mas, aqui em Santos, o que relatam os antigos é assim… Nos anos 1850, uma mulher, conhecida como feiticeira ou bruxa, vivia solitária na área. Diziam que ela tinha poderes sobrenaturais: subia em uma pedra e saltava sobre o fogo, enquanto lançava palavras misteriosas e espalhava cinzas pelas chamas. Sua figura assustava a população, que a evitava.
A mulher acabou morrendo sozinha, encontrada em um local que passou a ser conhecido como “Buraco da Velha”, onde seu corpo estava em avançado estado de decomposição. Essa lenda acompanha a cidade até hoje, entrelaçada ao imaginário de mistério e medo antigos.
Por que é tão importante falar do folclore de Santos hoje em dia?
Além de curiosas, as lendas de Santos funcionam como pilares de nossa identidade cultural.
E tem muita gente interessada nelas. O cineasta e pesquisador Dino Menezes criou um tour de lugares assombrados em Santos que lota toda vez que abre inscrições. Pois é, registrar e recontar essas lendas não é apenas uma forma de preservar a memória, mas também de criar novas formas de explorar a cidade.
Lá nos idos de 2014, entrevistamos a contadora de histórias Camila Genaro, que dedica a vida a transmitir essas tradições para as novas gerações.
O folclore de Santos e da Baixada Santista é mais do que um conjunto de histórias antigas. Viraram elementos vivos do nosso cotidiano, reafirmando nossa identidade e celebrando a riqueza cultural da nossa terra.
Que tal compartilhar este conteúdo para conhecer e valorizar essas representações que unem presente, passado e futuro?