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Dança de Rua do Brasil: orgulho santista que ganhou o mundo

No dia 13 de maio, a gente celebra o Dia do Hip Hop no Brasil. Uma data que homenageia os quatro pilares dessa cultura: MC, DJ, grafite e dança. E é claro que a gente não ia deixar essa data passar batida.

Foi em Santos que surgiu um dos grupos mais importantes da dança de rua no país – que virou referência nos palcos, na TV e nos corações de quem vive essa cultura desde os anos 1990: estamos falando do Dança de Rua do Brasil.

Quem viveu os anos 1990 e 2000 por aqui com certeza já ouviu falar ou até assistiu a uma das apresentações marcantes do grupo. Mas, se você ainda não conhece essa história, chegou a hora de descobrir por que eles são um verdadeiro orgulho santista.

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Tudo começou nos centros culturais da cidade

No comecinho dos anos 90, o hip hop ainda era visto com certo preconceito. Mas a força da cultura periférica falava mais alto. Lá por 1991, o dançarino e coreógrafo Marcelo Cirino, apaixonado pela cultura urbana, apresentou à Secretaria de Cultura de Santos um projeto de oficinas de dança de rua, dentro do Programa Carlitos – voltado à formação artística e cidadã de jovens da periferia.

O projeto virou. Em menos de 10 anos, o número de participantes pulou de 50 para mais de 1.000 alunos ativos, com oficinas espalhadas pela Zona Noroeste, Vila Progresso, Zona Leste e Centro. O movimento cresceu tanto que, em 1993, surgiu o grupo Dança de Rua do Brasil, que logo começou a representar a cidade em competições e festivais.

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O Dança de Rua em Joinville

A grande virada aconteceu no Festival de Dança de Joinville, em Santa Catarina, o maior do Brasil e um dos maiores do mundo. O grupo se apresentou com a coreografia “Questão de Alma”, inspirada na ancestralidade negra e na resistência cultural. Resultado? Primeiro lugar na categoria Amador I, prêmio de melhor coreógrafo para Cirino e o início de uma nova era para a dança de rua.

O impacto foi tão forte que, no ano seguinte, o festival criou uma nova categoria: dança de rua.

E não parou por aí. Em 1998, com a coreografia “Homens de Preto”, eles brilharam novamente e conseguiram nota máxima dos jurados e levou o público à loucura. O figurino dessa coreografia virou peça de acervo e até hoje está no Museu da Dança de Joinville.

De Santos para os palcos, telinhas e telonas

Com o sucesso nos festivais, o Dança de Rua do Brasil ganhou visibilidade nacional. Durante os anos 90 e 2000, participou de vários programas de TV, como Criança Esperança, Domingão do Faustão, Xuxa Park, Gente Inocente e Jô Soares.

E, em 2000, marcaram presença no filme Xuxa Requebra, que virou febre entre o público jovem da época e deu ainda mais destaque à cultura de rua brasileira. Já em 2007, o grupo foi convidado para representar a dança urbana na cerimônia de abertura dos Jogos Pan-Americanos do Rio de Janeiro, vista por milhões de brasileiros.

Um legado que segue vivo

Hoje, mais de três décadas depois, o Dança de Rua continua mais ativo do que nunca. O grupo soma mais de 27 prêmios em campeonatos nacionais, oficinas e projetos sociais voltados para jovens em situação de vulnerabilidade social e espetáculos e apresentações gratuitas em diversos espaços culturais.

Mesmo com toda a história, o grupo nunca deixou de olhar para suas origens. Em 2024, eles lançaram o espetáculo “Marco Zero”, no Teatro Municipal Brás Cubas. Um momento emocionante que reuniu ex-integrantes, alunos e o público que acompanhou a trajetória desde o início, celebrando o passado, o presente e o futuro da dança de rua em Santos.

O Dança de Rua vai muito além da coreografia

Mais do que passos sincronizados, o Dança de Rua do Brasil representa memória, identidade, empoderamento e transformação social. Através da dança, o grupo promoveu o pertencimento e deu voz à juventude periférica — abrindo caminhos para talentos que hoje brilham como professores, coreógrafos e artistas em todo o país.

E o mais bonito? Tudo isso começou aqui, nos bairros de Santos, com oficinas gratuitas e a paixão de um coletivo por fazer arte com o corpo e com o coração.

Santos dança com orgulho

A história do Dança de Rua do Brasil é daquelas que enche a gente de orgulho. Mostra que arte, talento e dedicação podem transformar realidades. E que Santos representa um verdadeiro berço de potência cultural.

Se você passou pelos anos 90 ou 2000 aqui na cidade, é bem provável que já tenha visto uma apresentação deles, conhecido alguém que dançava no grupo ou até participado de alguma oficina.

E se nunca viu, fica o convite: corre atrás, assista às apresentações disponíveis online e conheça de perto esse capítulo.

Valentina Tilly
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